Desenterrar as palavras que ferem, que
inquietam, que apaixonam, que atormentam, que comovem,
que laceram a pele abrindo sulcos onde o sangue escorre vivo e quente
fazendo-nos sentir vivos de ardor e paixão. O subterrâneo é o
lugar da maldição, da danação, da excreção, é o lugar dos
seres noctívagos, malfadados e nefários, dos vermes, é o espaço do
oculto, do misterioso, do inominável. É dele que ansiamos extrair a
antítese do existente para provocar a desordem e a inquietação nos espíritos que
apaticamente por aí deambulam. Queremos que essas palavras venham à
superfície e entoem as histórias, os pensamentos, as críticas, os cantos e
invectivas impuras enterradas no subterrâneo pelos defensores desta
realidade assepticamente pútrida. Sentimos essa necessidade
asfixiante de libertar as vozes dessas criaturas que confrontam os
fundamentos do estado de coisas instituído, trazendo à superfície
escritos subversivos e malditos que não se conformem com o uso dócil, insípido e
castrador da palavra. Somos a ratazana que na noite mais escura emerge para empestar este mundo de textos subterrâneos.
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