Adolfo Kaminsky, judeu russo de nacionalidade argentina, tinha 17 anos
quando foi despejado de casa, com a família, e enviado para o campo de
concentração de Drancy. Os seus passaportes argentinos garantiriam à
família Kaminsky a libertação deste campo, salvando-os, por uma questão
de horas, da deportação para Auschwitz.
Já com a fuga de França marcada, Kaminsky é recrutado pela 6ª, o braço
secreto do UGIF, onde se tornaria o mais jovem falsificador ao serviço
da Resistência francesa e onde o seu trabalho garantiria salvo-conduto a
milhares de judeus nos últimos anos da Segunda Guerra Mundial.
Após a tomada de Paris, Kaminsky é recrutado pelos serviços secretos
franceses, que abandona aquando da Guerra da Indochina. Regressado à
clandestinidade, nas décadas seguintes viria a colaborar com a
resistência antifranquista, com resistente gregos contra a ditadura dos
coronéis, com antissalazaristas em Portugal, com a Frente Nacional de
Libertação da Argélia, com objetores de consciência norte-americanos
durante a Guerra do Vietname, com vários movimentos de esquerda na
América do Sul e com diversos movimentos independentistas africanos
(Guiné, Guiné-Bissau, Angola e África do Sul).
Kaminsky nunca aceitou dinheiro pelo seu trabalho de falsificador,
recusando tornar-se um mercenário e comprometer os ideais maiores de
liberdade e dignidade humana que o guiavam. Esta é a história de um
verdadeiro herói.
Inclui glossário de Luísa Gabão e José Hipólito dos Santos.
Posfácio de Irene Hipólito dos Santos.
Bertrand Editora, setembro de 2020 216 páginas