Jornal COMBATE - 2 publicações Vosstanie Editions

Jornal COMBATE - 2 publicações Vosstanie Editions
Jornal COMBATE - Vosstanie Editions

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

UMA NOVA CONCEPÇÃO DE LUTA / Fernando Pereira Marques

UMA NOVA CONCEPÇÃO DE LUTA 
Materiais para a História da LUAR 
e da Resistência Armada em Portugal 


A LUAR faz parte da mitologia da resistência armada ao regime da ditadura. Parte dessa mitologia tem que ver com a personalidade de Hermínio da Palma Inácio, de quem o «Sunday Times» dizia ser «o homem mais procurado da Europa». Porém, a LUAR não era do domínio do mito, mas da realidade. Um punhado de homens e mulheres corajosos dedicaram grande parte da sua vida a organizar acções armadas para derrubar a ditadura. Algumas resultaram, outras falharam, mas quase todos os protagonistas deste movimento pagaram o preço da sua coragem com a perda da liberdade, o exílio, a violência policial.

«Poucas pessoas podiam contribuir tanto para a história da LUAR e para a preservação da sua memória como Fernando Pereira Marques. Militante da LUAR, participou na tentativa de tomada da cidade da Covilhã, em Agosto de 1968, chefiada por Hermínio da Palma Inácio, na sequência da qual foi preso pela PIDE. Foi também director do jornal da LUAR, Fronteira. Neste livro ele combina o seu testemunho pessoal e os depoimentos de muitos dos seus companheiros da LUAR com uma abundante documentação e com a sua experiência enquanto historiador.» — José Pacheco Pereira, prefaciador e responsável pela Colecção Ephemera

288p . ED. Tinta da China 2016



VOIR AUSSI 

Ancien membre de la LUAR (Liga de Unidade e Acção Revolucionária) - Des Cadernos de Circunstancia.
Acteur de la révolte da Sé en 1959 et du "Golpe de Beja" le 1er Janvier 1962.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Os Libertários - de Lauro Escorel



Com fotografias, recortes de jornais, músicas e filmes do começo do século 20, uma análise da influência do movimento anarquista na formação de uma consciência de classe entre os primeiros operários brasileiros, em São Paulo, e na realização das primeiras greves para reivindicar melhores condições de trabalho.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Sindicatos contra Salazar : A revolta do 18 de janeiro de 1934 / Fátima Patriarca


 Sindicatos contra Salazar : 
A revolta do 18 de janeiro de 1934 
 Fátima Patriarca 
ICS - Instituto de Ciências Sociais 2000.556 pages


Em l8 de janeiro de l934, eclode, em vários pontos do pais uma "Greve Geral Revolucionária" contra o salazarismo.  Não podendo contar com a participação da corrente  republicana, a revolta é sufocada.

Várias foram as interpretações propostas por estudiosos,  sindicalistas e politicos. Mas, após o 25 de Abril, o 18 de  Janeiro" transforma-se em grande mito revolucionário comunista.

Este livro é o resultado da leitura minuciosa de quanto, se  escreveu, desde então, sobre tão importante acontecimentos, feito lenda. 

Ao tentar reconstituir os acontecimentos, coma ajuda de  novos elementos e a consulta inédita de arquivos a autora procura também perceber os mecanismosde de criação de um mito 


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Os moradores à conquista da cidade. Comissoes de moradores e lutas urbanas em Setubal, 1974-1976


Os moradores à conquista da cidade. Comissoes de moradores e lutas urbanas em Setubal, 1974-1976
 CHIPS DOWS - Fernando Nunes da SILVA - Helena GONCALVES - Isabel SEABA 
Lisboa 1978 O Armazém das Letras. 352p.  


Prefâcio

Capitulo 1. Comissôes de moradores e movimentos sociais urbanos em Setûbal. Abril de 1974 a Junho de 1976.

Introduçâo

Evoluçäo histôrica e social
Base social dos bairros.
Conjuntura e suas fases.
Génese e formaçâo das comissôes de moradores
Relaçôes entre a comissäo de moradores e a populaçäo do bairro. Reivindicaçôes e realizaçôes
Luta pelo direito à habitaçäo
Organismo de coordenaçäo
Conclusäo
Post-scriptum sobre os movimentos sociais urbanos

Capitulo 2. As Comissôes de Moradores falam

Bairros Populares
Bairros Interclassistas
Bairros Interclassistas/Dominantes

Capitulo 3. Entrevistas

Uma militante das lutas urbanas de Setùbal
Ex-presidente da Câmara Municipal de Setûbal
Coordenador do Gabinete de Planeamento de Setûbal

Capitulo 4.Documentos


N.°1—Estatutos da Associaçâo de Moradores do Bairro da Liberdade
N.°2—Estatutos da Comissäo de Moradores do Bairro de Liceu
N.°3 — Resoluçôes para casas vagas e arrendamen-
tos urbanos, da primeira assembleia geral da populaçäo do concelho de Setùbal
N.°4 — A luta pelo direito à habitaçäo - Comunicado de ocupantes
N.°5 — Por uma habitaçäo digna para todos os trabalhadores - Caderno reivindicativo de ocupantes de casas vagas
N.°6 — Comunicado de inquilinos sobre politica de habitaçâo
N.°7 — Estatutos do Conselho de Moradores
N.°8 — Circular n.°1 do Secretariado do Comité de Unidade dos Organismos Democräticos e Populares
N.°9 — Projecto de Organizaçäo Popular do COPS
N.°10 — Comunicado da Câmara de Setùbal sobre o Poder Popular
N.°11 — Linhas de apoio à reforma agraria — Projecto ligaçäo cidade-campo
N.°12 — A dinamizaçäo do Poder Popular segundo o Comité de Luta
N.°13 —Comunicado do grupo de habitaçäo da Setenave

Capitulo 5. Cronologia — Abril de 1974 a Julho de 1976

Anexo

Empresas mencionadas na cronologia

Siglas utilizadas

Îndice das fotografias

Indice dos mapas, graficos e quadros estatisticos.



segunda-feira, 21 de novembro de 2016

terça-feira, 18 de outubro de 2016

MANIFESTO DO COMBATE (21 de Junho de 1974)

Manifesto do Combate

Qual é a luta dos trabalhadores, qual é a luta dos exploradores?

Antes do golpe de 25 de Abril, durante o golpe e desde então existiram sempre dois grandes campos de luta.

A luta dos trabalhadores portugueses e dos povos oprimidos e explorados das colónias constitui um desses grandes campos, que não tem por finalidade adaptar o aparelho governamental da burguesia aos problemas políticos e económicos que surgem aos exploradores, mas sim acabar com a própria exploração.

Do lado de todas as classes e camadas exploradoras sentia-se a necessidade de uma remodelação urgente das instituições governamentais e do próprio sistema de governo, devida fundamentalmente a três questões:

- A situação insustentável da burguesia portuguesa nas colónias, a incapacidade em que se viu de vencer militarmente os povos coloniais, foi um dos factores que tornou mais imperiosamente urgente para a burguesia a reconversão da sua política e que a levou a procurar, com a paz militar, chegar a soluções políticas e económicas neo-coloniais.

-  As múltiplas greves e lutas que os trabalhadores portugueses vinham a desenvolver mostravam à burguesia que o aparelho repressivo do marcelismo estava já completamente inadequado para tentar conter e reprimir essas greves. A burguesia queria, pois. instaurar uma «liberdade de greve» ao mesmo tempo que punha à frente da generalidade do aparelho sindical elementos reaccionários, contrários á prática da greve.

- As classes e camadas exploradoras precisavam também de adaptar o aparelho governamental para a resolução de problemas económicos graves que se vinham a acumular sem que a administração de Marcelo Caetano lhes conseguisse dar qualquer solução. A inflação, a necessidade de acrescer o desenvolvimento industrial, as relações com o Mercado Comum, a emigração impunham uma reorganização rápida e em grande escala das instituições do governo.

De um lado. temos os trabalhadores lutando activamente pela resolução dos seus problemas, exigindo de imediato uma melhoria do nivel de vida e de trabalho, e alargando a luta contra a própria exploração capitalista Do outro lado temos os exploradores, cujo problema essencial é o de tentar garantir em novas condições a exploração dos trabalhadores coloniais e dos trabalhadores portugueses.

O golpe do 25 de Abril foi dirigido e orientado pelos exploradores para a defesa dos seus interesses

O grande problema que preocupa a burguesia portuguesa e que a levou ao 25 de Abril foi: como manter a exploração capitalista e adaptá-la ás novas condições? Por isso. as massas trabalhadoras não tiveram, nem podiam ter qualquer papel activo no golpe de 25 de Abril, porque ele não se destinava a acabar com a exploração, mas a perpetuá-la.

O golpe do 25 de Abril foi pensado em esferas das classes dominantes, em estreita ligação com grupos financeiros; e foi executado na pratica por capitães e majores originários de uma burguesia média ou a ela ligados e canalizado politicamente pelos generais da Junta, dos quais uns são ligados à grande finança e os outros são mesmo seus representantes directos.

No seu combate contra a exploração capitalista, os trabalhadores criam formas de organização revolucionárias, que integram activamente todas as massas trabalhadoras em luta. O 25 de Abril não se apoiou nas organizações de luta dos trabalhadores e, pelo contrário, esforçou-se por afastá-las de qualquer participação no golpe. Se exceptuarmos o assalto às sedes da Pide e a libertação dos presos de Caxias, Peniche e da Pide do Porto, que foi conseguida de uma maneira rápida e global pela acção das massas populares, em todos os outros casos nunca os trabalhadores tiveram nem qualquer controle nem a mínima interferência no desenrolar do golpe.

Em resumo: o 25 de Abril não assentou em formas organizacionais produzidas na luta dos trabalhadores, mas sim nos oficiais do exército, numa organização burguesa rigidamente constituída que nada tem a ver com a nossa luta. E nem podia ser de outra maneira, pois o golpe de 25 de Abril não se integra na luta dos trabalhadores contra o capitalismo, e sim nas tentativas dos capitalistas para continuarem a exploração dos trabalhadores em novas condições.

Porque é que algumas correntes políticas querem fazer crer, agora, que os trabalhadores teriam tido um papel preponderante no 25 de Abril?

O carácter exclusivamente militar do golpe não constituiu mistério para ninguém no 25 de Abril e nos momentos seguintes. Só depois, essas correntes políticas começaram a afirmar que o 25 de Abril não fora um golpe militar e sim uma acção em que as massas trabalhadoras teriam intervindo com preponderância.
Se alguns sectores políticos julgam hoje que os trabalhadores esqueceram já o que se passou mês e meio atrás e nos tentam convencer de que interviemos activamente no golpe do 25 de Abril, isso deve-se ao facto de nos quererem vincular às decisões tomadas pelo actual governo, sabotando assim abertamente o desenvolvimento da luta dos trabalhadores.

Mais francos são os generais da Junta (Spínola, no discurso ao Conselho de Estado, ou Galvão de Melo na televisão, por exemplo bem como Salgueiro Maia, um dos mais importantes dirigentes do Movimento das Forças Armadas, em várias entrevistas) que reivindicam para as forças armadas o exclusivo do planeamento e o exclusivo da realização material do golpe. Não se deve tal franqueza ao amor da verdade, mas tão só à vontade de se afirmarem bem alto como os únicos autores do golpe de 25 de Abril e, portanto, como os «libertadores». É falso serem libertadores. A libertação das massas trabalhadoras, só os trabalhadores a conseguirão, e não capitães nem generais de qualquer Junta. Mas é verdade serem eles os realizadores do 25 de Abril O seu a seu dono. e não é dessa glória mas de outras que a classe operária e as massas trabalhadoras precisam.

A libertação dos trabalhadores só pode dever-se à luta dos trabalhadores

A luta contra a exploração capitalista, que se travava no dia 24 de Abril, não parou no dia 25 e continuou a travar-se no dia 26. O golpe de 25 de Abril não podia acabar com a luta contra a exploração, porque não se destinava a acabar com a exploração. Grande parte des greves que deflagraram depois do dia 25 de Abril vinham já a ser preparadas antes da data do golpe militar, o que mostra que a luta dos trabalhadores se desenvolveu e se desenvolve num campo completamente distinto do desse golpe. O campo em que deve assentar todo o nosso combate é o da luta contra a exploração.

Não sendo uma acção dos trabalhadores, mas um golpe militar, e não assentando na organização autónoma das massas trabalhadoras, mas na hierarquia rígida das forças armadas, o governo saído do 25 de Abril não poderá nunca desenvolver-se no sentido da libertação do trabalho, no sentido da instauração de formas económicas e sociais do comunismo e da luta por uma sociedade sem classes. Nem na Junta de Salvação Nacional, nem no Governo Civil Provisório, nem no Movimento das Forças Armadas existe sequer um mínimo vestígio da organização autónoma dos trabalhadores. Em nenhuma das Instituições do novo regime há qualquer possibilidade para o desenvolvimento da nossa luta.

O 25 de Abril Instaurou uma liberdade de partidos e a liberdade de expressão — ou melhor, a liberdade de uma certa expressão. Mas, ao mesmo tempo, repete em todos os tons e pelas mais variadas correntes políticas que o proletariado e todos os trabalhadores em geral têm ganhando pouco mais, de produzir muito mais. Afirmam admitir a greve mas, ao mesmo tempo e a várias vozes, desencadeiam uma violenta campanha contra as greves. Em suma, afirmam que primeiro vem a democracia parlamentar e só depois o aumento dos salários e uma certa reorganização do trabalho.

Mas o trabalhador nem come democracia nem trabalha no parlamento. Os nossos interesses imediatos consistem no aumento dos salários e na reorganização do trabalho nas fabricas existentes. E estes não são os interesses futuros, mas os mais imediatos. Porque os interesses futuros não são o aumento dos ordenados, e sim o fim do trabalho assalariado e da exploração capitalista; nem são a reorganização das fábricas existentes, mas sim o desenvolvimento de novas relações sociais de produção, a instauração de um sociedade comunista.

A nossa luta, nas novas condições em que a burguesia se organizou depois do 25 de Abril, e o desenvolvimento do combate que travávamos contra a burguesia antes do golpe militar. Só ai, no combate contra a exploração — e não nas novas instituições do governo burguês — é que a nossa luta se deve e pode desenvolver.

As massas trabalhadoras desenvolvem hoje em Portugal uma luta geral à escala de todo o País

Todas as classes activamente interessadas no capitalismo encontram ampla expressão e liberdade nas Instituições do actual governo. Todos os explorados são excluídos dessas instituições. A fronteira é, pois, muito nitlda.

Desta situação resulta que a luta da classe operária e dos restantes trabalhadores, que desde 1962 vinha somente a deflagrar em lutas isoladas entre si, se desenvolve agora a nível nacional numa luta geral, vasta, cada vez mais aguda e em que as lutas particulares se relacionam sempre mais, na constituição de um processo único. É esta, sob o ponto de vista dos interesses dos trabalhadores, a característica principal da actual situação. A luta dos trabalhadores em Portugal deixou de ser constituída por uma sucessão de lutas particulares interrompidas por refluxos mais ou menos longos, e desenvolve-se agora numa luta geral em que todas as lutas particulares tendem a relacionar-se cada vez mais estreitamente.

Qual o objectivo deste jornal e do trabalho a ele ligado?

Do desenvolvimento da luta geral dos trabalhadores a nível nacional resulta a função revolucionária que virá a assumir este jornal e o restante trabalho a ele ligado.

Este jornal propõe-se ser um agente activo na ligação entre si das várias lutas particulares, divulgando essas lutas e nomeadamente as experiências organizativas delas resultantes e acelerando por este modo o desenvolvimento da luta dos trabalhadores enquanto luta geral. É dessas lutas e do desenvolvimento da luta geral que resultará toda a elaboração do jornal e o próprio aprofundamento das posições aqui assumidas. Este jornal é o primeiro dos eixos do nosso trabalho.

Estreitamente ligado com o jornal, está o trabalho de fomentar a organização de reuniões de massas entre trabalhadores, soldados e marinheiros, ou trabalhadores com soldados e marinheiros inseridos em lutas particulares diferentes. Sabemos que é um trabalho difícil, que exige não só a preparação de inúmeras condições materiais, como a defesa contra a repressão da burguesia. Mas não há desenvolvimento e generalização da nossa luta sem a efectivação de reuniões de massas entre trabalhadores que têm diferentes experiências particulares de luta. É este o segundo eixo do nosso trabalho.

Quais são as posições práticas que revelam uma atitude revolucionária na luta de classes hoje travada em Portugal?

Todo o nosso trabalho tem como único ponto de referência as posições práticas assumidas na luta dos trabalhadores. E tem como único objectivo contribuir para a unificação das várias lutas particulares numa luta geral das massas operárias e restantes trabalhadores. Não somos um partido, nem visamos constituir qualquer partido na base do trabalho ligado com este jornal. Elementos ou grupos de quaisquer partidos ou sem partido são colaboradores neste trabalho desde que desenvolvam, na luta dos trabalhadores, posições práticas revolucionárias.
A análise da luta dos trabalhadores no momento actual e a experiência dessa luta motra-nos que uma posição revolucionária na luta de classes, no Portugal de agora, se define minimamente nos pontos práticos seguintes:
1.º CONTRA A POSIÇÃO REACCIONÁRIA QUE CONSISTE EM CONSIDERAR COMO O OBJECTIVO DO NOSSO COMBATE O APOIO AO ACTUAL GOVERNO DA BURGUESIA, AS MASSAS TRABALHADORAS DESENVOLVEM A SUA LUTA AUTÓNOMA
Várias correntes tentam travar o desenvolvimento da luta dos operários e de todos os trabalhadores sob o pretexto de que ela pode assustar alguns generais, ou alguns capitães, ou alguns ministros. Mas isso corresponde a desarmar os trabalhadores e entregá-los de pés e mãos amarrados à espera da piedade da burguesia! Os trabalhadores não depositam em outros a sua libertação. Só a luta dos trabalhadores pode servir os interesses dos trabalhadores, e a nossa única posição é reforçar sempre e cada vez mais a nossa luta autónoma. A contra-revolução, no Chile ou em qualquer outro país, triunfou sempre por a luta dos trabalhadores não se ter desenvolvido de modo suficientemente amplo e profundo, e não por essa luta ter ido longe demais. O único obstáculo à reacção, quer seja a do antigo regime quer a do actual governo, é o desenvolvimento da luta operária autónoma.
2° A LUTA ANTI-COLONIAL DEVE DESENVOLVER-SE COMO SOLIDARIEDADE ACTIVA E MILITANTE ENTRE OS EXPLORADOS EM PORTUGAL E OS EXPLORADOS AFRICANOS
Os trabalhadores portugueses querem a independência imediata e incondicional para todas as colónias. Mas não ignoramos que a independência não resolve, por si, o problema da exploração dos trabalhadores africanos. Repudiamos todas as perspectivas neo-coloniais que orientam a linha de actuação da Junta de Salvação Nacional e do Governo Provisório Civil. Mais grave ainda é a continuação da exploração neo-colonial através dos grandes imperialismos mundiais. Mas não podemos esquecer também a existência de exploradores africanos, que vêem a independência política das colónias como uma possibilidade para explorarem um pouco mais os trabalhadores de África. Por isso, o apoio dos trabalhadores portugueses à independência imediata e incondicional das colónias não pode deixar de passar pelo apoio activo e militante aos explorados africanos na sua luta contra todas as formas de exploração e contra todos os exploradores. Essa luta tem como um dos pontos fundamentais o combate ao racismo, nomeadamente o racismo contra os povos das colónias e contra os trabalhadores africanos emigrados em Portugal. Para que a luta anti-colonial se desenvolva como uma solidariedade intima entre os explorados, é necessário uni-la com a luta dos trabalhadores na produção, isto é, com a luta nas fábricas e nos campos, e uni-la também com a luta nos quartéis. A luta anti-colonial conduzida sobre a base da luta na produção é o eixo do desenvolvimento revolucionário do anti-colonialismo.
3.º A LUTA DOS TRABALHADORES DEVE DESENVOLVER-SE, DESDE O SEU PRÓPRIO INICIO, SOBRE A BASE DA UNIDADE DE PRODUÇÃO E NÃO PODE SER DELEGADA NOS REPRESENTANTES SINDICAIS
Os trabalhadores não lutam por delegação — lutam eles próprios. É na acção prática colectiva dos trabalhadores durante as lutas quer por reivindicações económicas, quer pela reorganização do trabalho, que se criam formas de organização de massas que constituem a base de desenvolvimento da revolução comunista. Só a nossa luta prática constitui o processo da revolução social. Por isso, querer afastar os trabalhadores da luta prática, considerando que as discussões com os patrões devem estar fundamentalmente a cargo de uma burocracia sindical especializada em contratos de trabalho, é pretender castrar a própria base da revolução social.
4.º NAS CIRCUNSTÂNCIAS ACTUAIS, DEVEMOS APROVEITAR A LUTA PARA A ELEIÇÃO DE DELEGADOS SINDICAIS, AO MESMO TEMPO QUE COMBATEMOS FIRMEMENTE AS BUROCRACIAS QUE DOMINAM AS DIRECÇÕES DA MAIORIA DOS SINDICATOS E QUE DOMINAM A INTER-SINDICAL
As burocracias sindicais isoladas das massas trabalhadoras pretendem, em todos os casos, convencer os trabalhadores a não lutarem praticamente, a continuarem a produção inseridos nas estruturas capitalistas enquanto os senhores delegados sindicais, no segredo das conversações com o patronato, e devidamente remunerados pelos trabalhadores, tentam chegar a acordos e conciliações. Nós devemos combater as burocracias sindicais, que tentam sempre sabotar a luta prática das massas trabalhadoras porque sabem que serão varridas e perderão a sua razão de ser com o desenvolvimento dessas lutas práticas. Mas devemos inserir-nos nos processos de eleição de delegados sindicais, porque esse nível do aparelho sindical está ainda directamente ligado às massas trabalhadoras e é possível, por isso, em muitos casos, que venha a constituir uma parte integrante da luta de massas e que a dinamize.
5.° DEVEMOS LUTAR POR UM SALÁRIO MÍNIMO VERDADEIRAMENTE NACIONAL E ADEQUADO ÀS NECESSIDADES DOS TRABALHADORES BEM COMO PELA DIMINUIÇÃO DO TEMPO DE TRABALHO E PELA MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO E HABITAÇÃO
A diminuição do tempo de trabalho faz parte da luta reivindicativa que visa melhorar as nossas condições de vida e diminuir os lucros do patrão. Mas essa diminuição do tempo de trabalho não é só uma medida de protecção da saúde do trabalhador e de defesa imediata contra o acréscimo da exploração. O aumento do tempo disponível será também uma condição importante para aumentar a participação activa das grandes massas dos explorados na discussão das formas de luta e de todos os problemas gerais que nos interessam, se sobre essa base conduzirmos um trabalho de organização de reuniões de discussão. Esse trabalho de organização dos tempos livres deve estar ligado com as lutas no local de trabalho e nas zonas habitacionais. A luta pela diminuição do tempo de trabalho, com este objectivo, deve fazer parte integrante da criação de condições para um maior desenvolvimento da luta dos trabalhadores contra a exploração.

O Governo Provisório instituiu um salário mínimo do qual exclui grande parte da população trabalhadora — devemos lutar contra este facto. Além disso, tal salário mínimo é demasiadamente baixo para as necessidades dos trabalhadores. O coro do governo diz que salários mais altos prejudicariam a economia nacional. Mas que economia é essa? É a economia capitalista? Se são os patrões que defendem a continuação dos seus lucros, compreendemos bem que os representantes patronais não queiram um salário mínimo mais elevado. Mas porque é que se pretendem fazer passar por amigos dos trabalhadores aqueles que, na prática, opondo-se à elevação do salário mínimo, defendem os lucros do patrão?! Dizem eles que um maior aumento dos salários levaria à falência de pequenas e médias empresas e à concentração do capital. A concentração do capital é o caminho inelutável da economia capitalista e não compete aos trabalhadores pagarem com o suor do seu trabalho e com a miséria das suas familias os lucros que permitam a subsistência dos pequenos e médios patrões. Os trabalhadores não lutam só contra uns patrões mas contra todos, contra a própria exploração capitalista. Se a economia nacional não comporta maiores aumentos de salários, a solução não é a de restringir a paga dos trabalhadores, e sim a de mudar de sistema económico. Se é o próprio capitalismo a dizer, pela voz de todos os seus agentes e servidores, que não pode aumentar suficientemente os salários, o que significa, portanto, que não serve os interesses mínimos dos trabalhadores, então o nosso interesse é o de desenvolver a nossa luta de modo a acabar com o capitalismo.
6.° DEVEMOS DESENVOLVER OS PROCESSOS DE SANEAMENTO E DE REORGANIZAÇÃO PARCIAL DAS EMPRESAS EM LUTA PELO CONTROLO E GESTÃO DE TODO O PROCESSO ECONÓMICO
O governo actual procura canalizar a fúria dos trabalhadores contra a tirania tentando que a nossa revolta se limite a substituir os administradores mais comprometidos com o fascismo por outros menos comprometidos ou por burgueses liberais ou social-democratas. Além disso, o novo governo procurou aproveitar as extraordinárias capacidades que os trabalhadores têm para organizar o trabalho, deixando-os proceder a remodelações parciais; o marcelismo não conseguira fazer uma adaptação suficientemente rápida das estruturas administrativas e de gestão às novas necessidades do capitalismo e, face a tal atraso, os capitalistas procuram agora canalizar as capacidades organizadoras das classes trabalhadors sem pôr em causa os princípios capitalistas fundamentais da hierarquia [ilegível] da divisão do trabalho feita pelos não-trabalhadores, [ilegível] ...ciso que desenvolvamos os processos de saneamento e de reorganização parcial das empresas em processos mais vastos. O objectivo dos trabalhadores não é o substituir os patrões antipáticos por patrões simpáticos, mas o de acabar com o patronato. O nosso objectivo não é o de beneficiar o capitalismo pela reorganização parcial das empresas, e sim o de estabelecer novas relações sociais de trabalho — relações comunistas. Precisamos de, desde já, começar a pôr em causa não só uns patrões mas todos os patrões, não só aspectos particulares dos sistemas de organização capitalistas, mas toda a organização capitalista do trabalho. Não precisamos de quem divida o trabalho para que nós o façamos, não precisamos de quem oriente o nosso trabalho. Os trabalhadores, que tudo produzem, devem organizar toda a produção.
7.° A LUTA DOS EXPLORADOS DO CAMPO É UM DOS EIXOS FUNDAMENTAIS DA LUTA DAS MASSAS TRABALHADORAS
A imprensa diária controlada pela burguesia silencia completamente, salvo rarissimas excepções, a luta do proletariado agrícola.
É absolutamente necessário unir a luta dos trabalhadores das cidades com a luta dos explorados do campo. As lutas dos explorados agrícolas põem problemas diversos, consoante as regiões são de grande ou pequena propriedade, consoante os tipos de cultura, consoante o grau de existência de assalariados agricolas que possuam eles próprios pequenas parcelas de terra e consoante a proporção em que existam pequenos camponeses. É através de uma ligação estreita com as lutas camponesas e de desenvolvimento dessas ligações para todos os pontos do pais que se poderão estabelecer os pontos de demarcação essenciais relativamente à questão agrária.
8.º O EXÉRCITO E O MILITARISMO SÃO ARMAS DA BURGUESIA QUE IMPORTA DERRUBAR NA LUTA PELO ARMAMENTO GERAL DOS TRABALHADORES
Filhos do povo, os soldados e os marinheiros são separados das massas trabalhadoras, postos em casernas onde a burguesia os submete a hierarquias rigidas e a uma disciplina degradante. Pretende, deste modo, mentalizá-los para que voltem as armas contra os seus irmãos de classe, os trabalhadores de qualquer país. Por isso, um dos interesses básicos dos trabalhadores é o de destruírem as estruturas militares e de combaterem o militarismo. Nós não precisamos de delegar em terceiros a nossa defesa — armamo-nos e defendemo-nos nós próprios. Neste momento, há várias lutas de marinheiros e soldados contra a disciplina, contra o militarismo, contra o encasernamento. É necessário desenvolver ao máximo todas essas lutas e é necessário fomentar os contactos e, depois, as reuniões de massas, entre os soldados e marinheiros em luta e os trabalhadores em luta nos campos e na cidade. Se as lutas dos soldados e marinheiros se unirem estreitamente com as restantes lutas dos trabalhadores, ficam assim postas em causa as próprias bases do exército reaccionário, separado da população.
9.° OS OPERÁRIOS NÃO TÊM PÁTRIA. TODA A LUTA OPERÁRIA TEM QUE SER INTERNACIONALISTA
Foi a burguesia, no desenvolvimento da economia capitalista, estreitando as relações entre todos os polos de concentração do capital e fundindo empresas à escala multi-nacional e multi-continental, que destruiu as velhas nações e tornou caducas as fronteiras nacionais. Mas essa mesma burguesia, para dividir os trabalhadores, difunde entre nós uma ideologia nacionalista e racista. Os trabalhadores não podem atacar o racismo com puras declarações sentimentais. Não é com palavras, mas com factos, que o internacionalismo se desenvolve. Assim, é necessário fundir cada vez mais as lutas dos explorados portugueses com as lutas dos explorados de todo o mundo, e fundi-las ao nível dos próprios movimentos de massas. O trabalho que se centra em torno deste jornal abrir-se-á, por isso, às lutas dos trabalhadores noutros pontos do mundo, desenvolvendo a criação das condições necessárias para a expansão de uma verdadeira luta internacionalista e anti-nacionalista dos trabalhadores.
Pensamos serem estes, no momento actual e neste pais, os pontos práticos de demarcação que distinguem, na vasta luta das classes, a posição revolucionária dos trabalhadores. O desenvolvimento da luta e o desenvolvimento da unificação das lutas particulares em lutas gerais produzirão novos pontos de demarcação práticos e aprofundarão os pontos existentes. É assim que, no seu próprio desenvolvimento, as massas operárias e todos os trabalhadores produzem as condições materiais e ideológicas do comunismo.

Desenvolver a luta autónoma dos trabalhadores e unificar as lutas particulares numa vasta luta geral — são estas as tarefas principais dos trabalhadores e de todos os revolucionários.

21 de Junho de 1974



VOIR AUSSI
L'expérience du Journal Combate (1974-1978)
Avec João Bernardo.
A l'initiative du journal avec Rita Delgado et João Crisóstomo.

Portugal L'AN 1 (informations ouvrières N° spécial)



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Les textes sont de
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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A origem da 1° international em Lisboa / Carlos Da Fonseca

A origem da 1a international em Lisboa
 o centenário da federação portuguesa
 Carlos Da Fonseca


Introdução

Prefácio à 2.* edição

Cronologia 

As Associações Primitivas

Características do Movimento Associativo

A Fundação da A.I.T. em Portugal

As Relações Internacionais

Da Crise à Reorganização
Anexos.

I- Textos Teóricos
II- Documentos
III- Aspectos de uma Polémica
IV - Elementos Biográficos

Bibliografia

Artigos do Pensamento Social
Principais documentos traduzidos

Bibliografia

 Lisboa : Estampa, 1978 (2a edição)  216 p 



Faz um século que, em Lisboa, a Secção Portuguesa da Associação Internacional dos Trabalhadores fez a sua aparição pública com um manifesto de solidariedade para com os trabalhadores de Sevilha. Este documento, datado de Outubro de 1871, é, por assim dizer, como que a certidão de idade da Secção Portuguesa da Internacional. Porém, se quisermos ser mais rigorosos e respeitar assim o espírito deste internacionalismo centenário mas não morto que animou os seus fundadores, teremos de considerar a existência oficial da Federação de Lisboa como remontando ao dia 10 de Março de 1872. Para além de marcar o primeiro contacto com o Conselho Central .de Londres, esta é a data oficial da adesão da Secção Portuguesa à Internacional.

Falar da Federação de Lisboa sem levantar um certo número de problemas que afectaram a vida da A. I. T. seria particularizar um fenómeno de significado universal e impedir a sua compreensão. Por isso esta simples introdução.

Menos fértil que a estrangeira, a bibliografia portuguesa dedicada a este problema nem por isso se mostrou menos sectária no panegirismo ideológico nem menos inútil no uso constante de lugares comuns. O caminho aqui proposto é o da história científica. Julgamos ser este o únicoque possibilita a saída do beco onde há muito se encontra este capítulo da nossa história social.

O internacionalismo operário nasceu e evoluiu com o desenvolvimento das forças produtivas. Ele é-lhe subjacente, quer dizer, é consequência dos progressos técnicos do capitalismo e da internacionalização do capital. Este paralelismo, que constitui, ao nível teórico, os fundamentos do «Manifesto» de Marx e Engels, impeliu um certo número de operários de vários países, reunidos pelo capitalismo, a confrontarem as respectivas situações socioeconômicas. Aproveitando uma manifestação do internacionalismo capitalista (a Exposição Universal de Londres de 1862), os trabalhadores presentes puderam fazer uma observação determinante: a relação entre a superioridade do nível de vida dos operários ingleses e a acção das Trade-Unions. Das conclusões finais destes contactos resultaram a constante troca de impressões e experiências e uma unificação progressiva dos esforços quotidianos, até aí dispersos ou limitados pelas fronteiras nacionais.

O meeting de Saint-James (1863) a favor da insurreição polaca foi já uma manifestação desse internacionalismo que iria, num futuro breve, assustar a burguesia mundial. Tolain, delegado francês, expõe aos presentes um projecto de criação de uma organização supranacional de tipo operário. Mas só em Setembro de 1864 foi possível ao «movimento real da classe» desembaraçar-se das limitações partícularistas e concretizar o projecto de convergência. Da reunião de Saint Martin's Hall (28 de Setembro) saiu o comité encarregado de elaborar os estatutos da futura associação e o acordo para a realização de um congresso em 1865 (1). Estava assim criada a Associação Internacional dos Trabalhadores, que iria viver pouco mais de uma década, até à Conferência de Filadélfia de 1876.

O que foi a Associação Internacional dos Trabalhadores? Que tendências a dominaram? Qual o número dos seus aderentes? Qual foi exactamente o seu peso real em cada país e no conjunto das nações onde existiu?

Marx definiu-a ao dizer que «a A. I. T. não é filha de nenhuma seita nem de uma teoria. Ela é o produto espontâneo do movimento proletário, ele próprio gerado por tendências naturais e irreversíveis da sociedade moderna». Ninguém exprimiu melhor o conteúdo da A. I. T. que este postulado do homem que foi um dos seus mais notáveis militantes.

Se a definição é clara, a sua composição é extremamente complexa. Poderíamos certamente dividi-la em dois grandes campos opostos: o dos «autoritários» e o dos antiautoritários». Mas estas categorias demasiado abstractas encerram conceitos imprecisos e sem significado político ou histórico real. A A. I. T. foi uma miscelânea de partidários de Owen, Mazzini, Proudhon, Blanqui, Lassalle, Marx, Bakunine, trade-unionistas, cartistas, etc. Só fazendo completamente tábua rasa desta realidade podería-mos aceitar a confortável tese das duas tendências, ditas principais, a «marxista» e a «bakuninista» Estudos recentes (2) provaram que a ideologia das secções de Paris era simplesmente proudhoniana, que a audiência de Bakunine em França, inclusive na revolta (blanquista) de Lyon (28 de Setembro de 1870), foi absolutamente nula; que em Genebra, e não obstante o ruído que ela fez nesta cidade, a aliança nunca teve a mínima importância (o que não sucede em relação ao Jura, onde actuava J. Guillaume). O mesmo se pode afirmar para o «marxismo» em Inglaterra ou na própria Alemanha, onde as secções foram formadas pelo não marxista Becker. Quanto a Portugal, só o desconhecimento total das correntes socialistas poderia atribuir à Secção da Aliança (Secção do Monte Olivete) «uma decisiva influência» (3) sobre o movimento operário. Finalmente, e de acordo com os resultados de trabalhos metódicos e pacientes dos historiadores e sociólogos (J. Verdes, J. Rougerie, J. Maitron e M. Rubel), resta-nos auscultar a implantação e o peso da Internacional. Não restam duvidas que quanto mais se acumulam os conhecimentos sobre a A. I. T. mais se confirma que ela foi «uma grande alma» com um corpo minúsculo. Em 1870 o número dos internacionais de todas as secções francesas oscilava entre os dois mil e os dois mil e quinhentos indivíduos. Na Suíça, uma estimativa, considerada optimista por alguns historiadores, apresenta um balanço de seis mil filiados. Quanto a Portugal, eles eram menos de quinhentos, segundo a quotização enviada ao Congresso de Haia e, em Espanha, oito vezes mais que em Portugal. A Inglaterra parece ser uma excepção, sendo o número máximo dos militantes britânicos avaliado em cinquenta mil no período áureo de 1867. Os dados reais não apresentam nada de comum corn «os milhões» imaginados pelos ideólogos profissionais. O que fez da A. I. T. «uma grande alma» e lhe deu um peso excepcional foi o facto de ter encarnado efectivamente as aspirações sociais de milhões de trabalhadores de todo o mundo e de corresponder à tendência inerente ao movimento das massas operárias para se organizarem, quer no plano nacional, quer internacional. De certo modo, a Segunda Internacional foi o percurso inverso da A. I. T.

Quanto à análise dos papéis desempenhados por Marx e Bakunine dentro da Associação, ela, seria despropositada nesta modesta comemoração do centenário da constituição da Federação de Lisboa. Contentamo-nos, por isso, em emitir sucintamente a nossa opinião pessoal. Marx foi, sem dúvida, o elemento que melhor apreendeu as tendências particulares e gerais do movimento operário. Só assim ele as poderia ter elaborado teoricamente, como o fez, durante duas décadas. Dentro da A. I. T., Marx nunca representou um partido, uma seita secreta, nem teve jamais um órgão de imprensa exclusivamente seu, ou que fosse o porta-voz das suas opiniões. Corn excepção de Engels, as opiniões de Marx nunca representaram de maneira imediata outra coisa senão ele próprio. Se a realidade exterior as caucionava isso devia-se ao facto de exprimirem de maneira justa essa mesma realidade. Quanto a Bakunine, as nossas conclusões são bem diferentes.

Não somente ele foi «o conspirador oculto», o «animador de seitas» secretas, o «homem de partido» por excelência, mas o seu comportamento autoritário (bem funesto para Mazzini e outros) está na linha tradicional dos revolucionários russos.


(1) Congresso que só pôde ser realizado em Setembro do ano imediato em Genebra.

(2) Veja Le Mouvement Social, Paris, Abril-Junho de 1965 e Cahiers de l'I. S. E. A., Paris, Agosto de 1964.

(3) Está neste caso César Nogueira: Notas para a História do Socialismo em Portugal (1871-1910), saído da tendência possibilista portuguesa. Só a inexistência' de um trabalho sério e sistemático sobre o socialismo em Portugal tem tornado indispensável a sua prosa de perfeito burocrata da II Internacional. Muito mais grave é o conjunto de nota-s da autoria de Emídio Santana que acompanha a reedição do excelente livro de Manuel Joaquim de Sousa O Sindicalismo em Portugal. Se o livro em si contém pontos obscuros, imprecisões, algumas não-verdades e, sobretudo, silêncios -sobre certas questões escaldantes, as notas da 3.' edição são perfeitamente lamentáveis. Além de meterem no mesmo saco anarquistas, sindicalistas, sindicalistas-revolucionários e anarco-sindicalistas (o método faz o historiador), E. S. prend ses désirs pour des réalités, fazendo afirmações (notas 2, 3, 4, 8, 9, 12, 14, 19, etc.) que fariam corar de vergonha M. J. de Sousa.



quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Ecologia e luta de classes em Portugal / Afonso Cautela

Ecologia e luta de classes em Portugal
Reportagens

(Afonso Cautela)


Lisboa, Socicultur 1977 - 319 p.

Écologie et lutte de classes au Portugal

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Reflexão sobre a estratégia da luta das classes em Portugal. - anónimo sec.XX (Situationnisme au Portugal)

Reflexão sobre a estratégia 
da luta das classes em Portugal. 
anónimo sec.XX 

Braga: Edições Espaço, 1976. 55p.


AVISO AOS POSSÍVEIS LEITORES

Não quisemos nem pudemos analisar até à exaustão neste panfleto todos os problemas da estratégia da luta das classes em Portugal.

Não quisemos porque não escrevemos para especialistas da politica, mas tão só para os nossos camaradas de combate que, estamos certos, não precisam de grandes razões para compreenderem a necessidade e a oportunidade da luta do proletariado, a sua e a nossa luta, bastando-lhes uma simples troca de reflexões básicas que todos utilizaremos como ferramenta da vitória.
Não pudemos porque não somos um escritor, profissional ou amador, preferindo sempre o calor da revolta quotidiana contra todas as opressões e alienações e a leitura calma dos livros dos outros, à trabalheira de se ter que ser brilhante ou ao incómodo de se ser banal. E só nos resolvemos a apresentar este alinhavado de ideias sob um aspecto editorial porque um jornal que se diz revolucionário, a Gazeta da Semana, não foi capaz de nos publicar o primeiro capítulo sobre os militares, negando-nos a possibilidade de trocar impressões com os nossos camaradas sobre as derrotas passadas e as perspectivas presentes. Não íamos, portanto, ficar dependentes das conveniências tácticas de momento da dita gazeta.

Procuramos, neste panfleto, ser sempre lúcidos. Um dos grandes defeitos da literatura revolucionária sobre a luta das classes em Portugal e' ter sido quase sempre optimista (caso de La Guerre Socíale au Portugal, éditions Champ Libre). Nós quisemos ser implacáveis nunca esquecendo, porém, que se os erros do proletariado português são os deste tempo e os desta sociedade, as suas virtudes lhe pertencem exclusivamente.

Com isto vai-se a toda a parte, e se não se vai à posteridade é porque não há posteridade para uma classe que como o proletariado só vive no presente.
Coisas muito belas se passaram nestes dois anos em Portugal. Mas como diz Fernando Pessoa «tudo o que sonhei morri-o» para o poder fazer renascer das cinzas metamorfoseado em realidade.



segunda-feira, 3 de outubro de 2016

História do Movimento Anarquista em Portugal de Edgar RODRIGUES


EN TÉLÉCHARGEMENT PDF (En Portugais)





Quelques images en attendant un jour que les ouvrages soient de nouveau édités....

 E. RODRIGUES, A Oposição Libertária à Ditadura (1939-1974), Lisboa 1982.

 E. RODRIGUES, O Despertar Operário em Portugal (1834-1911), Lisboa 1980.



E. RODRIGUES, Os Anarquistas e os Sindicatos, Lisboa 1981.





domingo, 2 de outubro de 2016

IN PORTUGAL CAPITAL CONFRONTS THE WORLD PROLETARIAT (July 29, 1974)

IN PORTUGAL 
CAPITAL CONFRONTS THE WORLD PROLETARIAT 
(July 29, 1974) 


Distributed, with a critical reponse, by FOR OURSELVES 9p.

Sindicalismo Revolucionário de Joana Dias Pereira

Sindicalismo Revolucionário
A história de uma idéia
de Joana Dias Pereira


Ao analisar a evolução ideológica do operariado moderno esta tese debruça-se igualmente sobre a conjuntura excepcional em que o seu movimento teve origem. O Sindicalismo revolucionário constitui-se como uma manifestação intelectual inédita e irrepetível, unicamente contextualizável no ocaso do liberalismo.

As massas operárias em acção, no contexto de decadência do sistema oligárquico, convenceram anarquistas e socialistas a abandonar antigos sectarismos em favor da unidade e da consequente possibilidade de transformar de facto a sociedade capitalista.

O Sindicalismo Revolucionário providenciou uma síntese de postulados que permitiu a conciliação das distintas escolas socialistas. Esta doutrina desempenhou um papel destacado durante a I República, deixando de herança uma reflexão única sobre a realidade da sua época e a memória de uma luta sem tréguas para evitar que o colapso da Europa liberal se traduzisse na guerra generalizada e posteriormente no autoritarismo.

Com efeito, o carácter revolucionário do sindicalismo, neste período, não tinha apenas o objectivo de substituir a ineficácia do reformismo, pretendia construir uma alternativa social para um regime em decadência.

Editor: Caleidoscópio 2009 212p. 

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Livros Portugueses Proibidos no Regime Fascista (1926-1974) - Bibliografia

Livros Portugueses Proibidos no Regime Fascista:
Bibliografia
 (Maria Luısa Alvim) 
  
Les livres interdits pendant le régime fasciste



https://www.mediafire.com/download/63jusc8o6smi4sd

Trabalho realizado no ambito das disciplinas Bibliografia e Metodologia da Investigacao em Bibliotecas e Arquivos do Curso de Especializa¸c˜ao em Ciencias Documentais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.



terça-feira, 23 de agosto de 2016

Políticas coloniais em tempo de revoltas Angola circa 1961

Neste livro, são analisadas as políticas do Estado colonial português em Angola, no momento em que as revoltas de libertação abriram as portas à descolonização. Os principais acontecimentos em análise são as revoltas de 1961, nas plantações de algodão da Baixa de Cassange, nas prisões de Luanda e nas regiões de produção de café do Uíge. Do estudo dos acontecimentos, investigam-se alguns processos capazes de ajudar a ir mais fundo na reconstituição dos modos de tomada de decisão. Foi assim que foram traçádas a longa história da destribalização, a do sistema carcerário e a da Casa dos Estudantes do Império, no confronto com o trabalho que veio a ser desenvolvido pelo Gabinete dos Negócios Políticos. Este último foi a principal organização da administração central que tratou as informações de todo o império e elaborou planos proto-totalitários, em tempo de revoltas. 
Diogo Ramada Curto (dir.); Bernardo Pinto da Cruz; Teresa Furtado. Ediçoes Afrontamento  324 pp., 2016, ISBN: 978-972-36-1484-8.

Memória Subversiva - Anarquismo e Sindicalismo em Portugal (1910-1975) (Documentaire)




Memória Subversiva: Anarquismo e Sindicalismo em Portugal (1910-1975)

Nas primeiras décadas do século XX a ideia anarquista e particularmenteo sindicalismo anarquista foram uma força pujante em Portugal. A CGT (Confederação Geral do Trabalho – anarco-sindicalista) era a única Central Sindical que existia no País. A sua publicação, A Batalha, chegou a ser o terceiro diário de maior circulação no País.

“Memória Subversiva: Anarquismo e Sindicalismo em Portugal (1910-1975)”, realizado por José Tavares e Stefanie Zoche, é o único documentário sobre este movimento, reunindo os testemunhos de vinte e um activistas anarquisas e sindicalistas.


No 18 de Janeiro o nosso plano era atacar a esquadra da policia, sabotar a hidro-eléctrica, cortar a linha telegráfica.

Morreram 30 homens no Tarrafal. Só isto revela bem a dureza daquele campo.

Já não havia liberdades nenhumas. Os nossos militantes estavam presos. Não havia outra solução, senão abater a figura principal.

Setúbal era uma cidade onde havia muitos anarquistas. Havia muitos mesmo. Tanto assim que chamavam a Setúbal a Barcelona portuguesa.

O 25 de Abril foi uma revolução traída. Traída pelos cravos vermelhos que encravaram as espingardas.

sábado, 23 de julho de 2016

Texto subterraneos

Desenterrar as palavras que ferem, que inquietam, que apaixonam, que atormentam, que comovem, que laceram a pele abrindo sulcos onde o sangue escorre vivo e quente fazendo-nos sentir vivos de ardor e paixão. O subterrâneo é o lugar da maldição, da danação, da excreção, é o lugar dos seres noctívagos, malfadados e nefários, dos vermes, é o espaço do oculto, do misterioso, do inominável. É dele que ansiamos extrair a antítese do existente para provocar a desordem e a inquietação nos espíritos que apaticamente por aí deambulam. Queremos que essas palavras venham à superfície e entoem as histórias, os pensamentos, as críticas, os cantos e invectivas impuras enterradas no subterrâneo pelos defensores desta realidade assepticamente pútrida. Sentimos essa necessidade asfixiante de libertar as vozes dessas criaturas que confrontam os fundamentos do estado de coisas instituído, trazendo à superfície escritos subversivos e malditos que não se conformem com o uso dócil, insípido e castrador da palavra. Somos a ratazana que na noite mais escura emerge para empestar este mundo de textos subterrâneos. 






segunda-feira, 4 de julho de 2016

RACISMO EM PORTUGUÊS O : Lado Esquecido do Colonialismo / Joana Gorjão Henriques

RACISMO EM PORTUGUÊS 
O Lado Esquecido do Colonialismo

«Porque não aprendemos na escola que existiu em Angola e em Moçambique um apartheid alimentado por Portugal, a potência que não hesitou em promover o trabalho escravo até 1974? Vamos perpetuar a narrativa de um colonizador que não discriminava porque se miscigenou com as populações locais, quando sabemos que as obrigava a despir-se da sua identidade africana, a mudar de nome, a alisar o cabelo ou a obliterar a sua língua? Até quando iremos contribuir para uma mentalidade acrítica sobre um dos fenómenos mais violentos da nossa história? Finalmente: o que revela esta perspectiva de brandura de olhar sobre nós próprios, portugueses?»
 
A partir de inúmeras entrevistas feitas em Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe, Joana Gorjão Henriques desconstrói o tema tabu do racismo no colonialismo português.

Ed. Edições Tinta da China - 232 PÁGINAS

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Quelques aspects actuels de la question agraire au Portugal

Quelques aspects actuels de la question agraire au Portugal
Gilles ALLAIRE - Michel BLANC- Philippe PERRIER-CORNET
 INRA AVRIL 1977. 

segunda-feira, 7 de março de 2016

Para Uma História da Repressão do Anarquismo em Portugal no Século XIX / Luís Bigotte Chorão


 Vient de paraître aux éditions Letra Livre

Para Uma História da Repressão do Anarquismo em Portugal no Século XIX, de Luís Bigotte Chorão, seguido de «A Questão Anarchista», de Bernardo Lucas. 
Letra Livre, Lisboa, 2016. 16,00€

sábado, 5 de março de 2016

INTERVIEW D'UN MILITANT DU FSMR PORTUGAIS (Interview réalisée le 5 juin 1975)

INTERVIEW D'UN

MILITANT DU

FSMR PORTUGAIS

-

Coup pour Coup n°3 supplément à Rouge n°294



Interview réalisée le 5 juin 1975




Ce premier texte reproduit une interview publiée par un numéro spécial daté de juin 1975 de La Caserne, organe du Front des Soldats, des Marins et Aviateurs révolutionnaires (FSMAR) en France. Le camarade portugais qui répond aux questions est militant du Front des Soldats et Marins Révolutionnaires du Portugal. A la lumière des événements de l'été, et surtout à la lumière de l'apparition du SUV et des luttes qu'il a menées ces dernières semaines, cet interview prend la valeur d'un document hautement significatif. Il met en évidence la lutte entreprise dès alors par ces camarades pour une organisation à la base des luttes de soldats, autonome par rapport au MFA et à la hiérarchie militaire; ce qui n'empêchait en rien les camarades d'utiliser toutes les contradictions du MFA accentuées par la montée de la mobilisation de masse, au lendemain du 11 mars. Soutenue par la LCI, la perspective de construction de comités de soldats était rejetée par la plupart des groupes d’extrême-gauche, soucieux de travailler dans le cadre du MFA, et cherchant avant tout à en influencer les éléments de gauche.


Tu es officier dans l'armée portugaise. Tu es aussi militant révolutionnaire depuis plusieurs années. Peux-tu nous raconter brièvement ton histoire ?

Avant le coup d’État du 25 avril, j'étais déserteur. La désertion était un phénomène de masse au Portugal. Elle reposait sur une contestation de la guerre coloniale qui a touché immédiatement les milieux universitaires dès 1961. Les grandes grèves étudiantes de 62, qui étaient menées par le parti communiste, avaient un contenu nettement anti-colonial. Plus tard, à partir de 67-68, l'opposition à la guerre a pris un caractère encore plus massif. Tout ça, combiné à une émigration extrêmement importante, a fait qu'on s'est mis à manquer de soldats! ! Il ÿ a d'ailleurs une différence à faire entre les déserteurs et les réfractaires : les derniers ne se présentaient même pas! ! Il faut dire que la perspective de 4 ans dans l'armée, dont 20 à 30 mois dans les colonies... Il est difficile d'avancer un chiffre précis, mais globalement on peut évaluer à 100.000 le nombre de déserteurs et de réfractaires...Cette désertion énorme touchait également les officiers miliciens qui sont des appelés et essentiellement des étudiants. Cela a eu des conséquences politiques : les officiers du cadre permanent, c'est-à-dire les professionnels, ont eu des périodes à faire en Afrique beaucoup plus longues. On manquait d'encadrement! Il y a eu une réaction corporatiste qui est, comme vous le savez, une des origines du MFA : les gars voulaient une défense de leur statut de cadre permanent et aller moins souvent en Outre-Mer. Cela dit, même les types qui ne désertaient pas avaient un sentiment anti-colonialiste très clair. Ils étaient, pendant leur période en Afrique, avec les officiers qui commençaient à se poser des questions. Les subalternes surtout : lieutenants, capitaines... ça a fait évoluer les choses.

Ta désertion, comment ça s'est fait ?

La plupart des déserteurs allaient vers la France. Il y avait un grand nombre d'organisations de déserteurs. Beaucoup étaient influencées par les maoïstes. C'est dû au fait qu'avec la Belgique le Portugal est le premier parti communiste a avoir connu une importante scission maoïste en 1964, avec des cadres du comité central, des dirigeants de l'intérieur... Les trotskystes n'ont émergé que plus tard, en 70, et surtout après. En ce qui me concerne, comme j'étais d'origine angolaise j'étais militant du MPLA. Je venais d'arriver au Portugal; mon travail politique était presque exclusivement l'aide au mouvement des colonies. Quand j'ai déserté, je suis allé en France, j'y suis resté jusqu'en 74. Au moment du coup d’État du 25 avril, il y a eu une grande discussion au sein des organisations de déserteurs pour savoir si on rentrait ou pas. Presque tout le monde est rentré. J'étais à Lisbonne pour la manifestation du premier Mai.

Sur quoi portait le débat ?

Le problème était de savoir comment on allait rentrer. Certains pensaient qu'il fallait rentrer après avoir lutté pour obtenir une législation sur la désertion incluant l'amnistie totale et comptant le temps de désertion comme un temps d'armée. Les autres copains, finalement majoritaires, pensaient que la situation au Portugal était telle qu'il fallait mettre le retour à l'ordre du jour tout de suite. C'est ce qu'on a fait! Mais quand nous sommes arrivés là-bas, nous étions illégaux. Ce n'est que le 2 mai 74 que les déserteurs ont été amnistiés, mais ils étaient forcés de faire leur service. Maintenant une nouvelle loi est passée : ceux qui se sont présentés en 74 ne font que 20 mois. Il y a encore à Lisbonne des organisations de déserteurs qui luttent pour que le temps de désertion soit compté comme temps d'armée.

Il y a là un problème réel : cette lutte est importante et, en gros, correcte, mais il faut préciser que, vue l'importance actuelle du travail dans l'armée, ceux qui veulent y aller ne doivent pas pouvoir être empêchés

Comment ta situation a-t-elle évolué ?


Je suis bien entendu allé à l'armée pour y faire un travail, révolutionnaire. Mais en décembre 74, j'ai été envoyé à Timor, en Indonésie, en mission militaire. Il restait une colonie, ils voulaient m'y envoyer! ! J'étais rentré au Portugal pour des raisons politiques, j'étais allé à l'armée pour ces mêmes raisons, et c'est pour elles que j'ai refusé de partir pour Timor. Avec les camarades on a estimé que le mieux à faire était de déserter une nouvelle fois! Je ne me suis pas présenté à l'embarquement : je suis resté pour faire un autre travail politique. Trois mois après, ma famille a été contactée par l'armée. Ils disaient que si je voulais revenir il n'y avait pas de problèmes, qu'il était illégal d'envoyer les ex-déserteurs dans les colonies : une loi interne à l'armée venait de le préciser. Ils ont expliqué que j'avais dû être victime des lubies d'un quelconque officier réactionnaire. Je suis donc retourné dans ma caserne sans le moindre ennui. On me laisse entendre que je vais toucher l'arriéré de ma solde pour 3 mois de désertion! Naturellement je reste officier... instructeur commando.

Peux-tu nous évoquer les différentes étapes de la situation depuis le 25 avril et la manière dont les choses ont été ressenties ou menées dans l'armée ?


Le 25 avril d'abord. Le MFA avait une origine corporatiste. Ce n'est qu'en 73 qu'il commence à se radicaliser. L'organisation clandestine des officiers rebelles est très sérieuse. Ce qu'ils mettent en avant ? Leur opposition aux missions répétées en Afrique; la question du salaire. Ils gagnaient l'équivalent de 2000 francs et trouvaient ça dérisoire par rapport aux profits des colons. Ils avaient, ces types du MFA, une grande méfiance vis-à-vis des miliciens, des officiers appelés. Le MFA n'était composé que de professionnels. Mais, dans certaines casernes, les miliciens ont été mis au courant de ce qui allait se passer.

La police militaire, la police politique, la PIDE n'étaient pas au courant ?

Si, sans doute. Mais incomplètement. Surtout ils craignaient de faire éclater un scandale dans l'armée. Il n'y avait pas de répression frontale. On mutait des officiers soupçonnés. Mais finalement même ça s'est révélé très dangereux pour le fascisme. Par exemple, un gars comme de Almeida, qui commande maintenant le célèbre Ral 1, le régiment rouge de Lisbonne, a fait quatre casernes je crois avant le 25. Et à chaque fois il gagnait des officiers à la perspective du renversement de la dictature. Le malaise était très profond. Mais enfin, d'une manière générale le MFA n'avait pas liens avec les miliciens.
Les miliciens étaient organisés, eux ?

Pas en tant que tels. Beaucoup par contre avaient des liens avec des organisations politiques. Les maos avaient un petit boulot, le MRPP, le « Cri du peuple ». La LCI, qui est trotskyste, avait elle aussi un commencement de travail; dans aucun cas ce n'était un travail de masse. Le PC n'était pas plus avancé. Personne, réellement personne n'avait une intervention structurée. Le MFA s'est construit absolument seul.

Le 25 avril, c'est la chute de Caetano. Après, c'est le déferlement populaire du premier mai. On a toutes les images en tête : la manif gigantesque, les soldats et les marins au coude à coude avec les travailleurs, Cunhal et Soares perchés sur des chars... Mais dans les casernes, comment cela s'est-il traduit ?
Je n'étais pas sur place au moment du coup d’État. Mais j'ai une idée assez précise de comment ça s'est passé : ça a été l'explosion ! Surtout à partir du premier mai; ça bougeait énormément. La question-clé restait la question coloniale. Spinola était très flou là-dessus. Des soldats continuaient à être envoyés en Afrique. Mais il y avait des compagnies entières qui refusaient de partir. Dans les colonies, des pétitions circulaient demandant le rapatriement immédiat. Il y avait des expériences de fraternisation avec les combattants des mouvements de libération, à l'initiative d'officiers miliciens, presque jamais d'officiers du cadre permanent. Dans la lutte au Portugal contre le départ aux colonies, il y avait une très grande liaison avec le peuple. Il y a eu beaucoup de manifs... Il y a eu une manif convoquée par le PAIGC et l'extrême-gauche, appelée très vite. Beaucoup de soldats y ont participé; il y avait même des gars en armes devant le cortège! Le gouvernement qui se mettait en place a été complètement dépassé par les événements. La « reprise en main » a commencé en juin 74.
Surtout après le brisage de la première très grande grève, celle des CTT. A partir de là il y a eu une pause très réelle dans les casernes comme ailleurs. Le PC menait campagne contre les « pseudo-révolutionnaires ». Mais il est certain que la radicalisation dans les casernes a été un peu plus lente que dans les autres secteurs. Ainsi, même le mouvement de lutte contre le départ aux colonies n'a jamais été véritablement structuré.

Après le 28 septembre, les choses s'accélèrent. Spinola, qui apparaissait comme l'homme fort du régime convoque une manifestation de la « majorité silencieuse » : le regroupement de toutes les forces de droite. Comment s'organise la riposte à cette tentative contre-révolutionnaire ?

A cette époque-là j'étais dans une caserne de l'intérieur. Je suis venu à Lisbonne deux jours avant le 28, pour aller à quelque chose d'un peu... suicidaire : une contre-manifestation contre les fascistes. On ne savait pas alors qu'ils étaient armés! Mais on se devait d'interdire cette manifestation de la « majorité silencieuse », en fait des fascistes.

De ma caserne j'avais le contact avec des camarades de Porto. J'y suis allé finalement. Ça a commencé à chauffer dès vendredi, le 27. On a tout de suite constaté quelque chose d'inhabituel de la part du parti communiste. Ses militants sillonnaient les rues en voitures sono pour appeler à manifester, à barrer les ponts. etc... Les trotskystes et les maos appelaient au même genre d’initiatives. Vendredi soir, on a attaqué le local d'un parti de la « majorité silencieuse », le parti libéral... qui est en fait typiquement un parti facho! On s'est tout de suite rendu compte d'une chose : la police n'intervenait pas et l'armée ne sortait pas. Ça montrait qu'il y avait quelque chose d'important qui se passait; d'autant plus que le PC avait une attitude plutôt dure. Nous on ne savait pas trop où on en était. Il y avait un monde énorme : la population avait parfaitement compris l'enjeu. Là où on était, au parti libéral, il y a eu un pillage énorme. On a récupéré beaucoup de papiers sur les liaisons entre le parti libéral et les industriels, etc-... Il n y avait toujours pas d'intervention de la police. On est alors allé sur les ponts. C'était la nuit. J'étais au principal pont de Porto; c'était essentiellement la LCI qui le contrôlait. Il y avait aussi des tas de militants du PC, mais ils suivaient complètement les directives des camarades trotskystes. Il y avait aussi des militants de l'intersyndicale. On arrêtait toutes les voitures et naturellement on les fouillait. On a fait ça sans aucun problème jusqu'à trois heures du matin. On a contrôlé des milliers de gens. On a trouvé des armes. Pas de mitraillettes, mais des carabines, des pistolets et puis aussi des couteaux et des matraques. Personne ne pouvait échapper aux barrages. A trois heures, on a mis la main sur pas mal de types; on ne les gardait pas, mais on gardait leurs papiers, leurs armes, et naturellement leur véhicule était mis hors d'état de rouler! Et puis les flics sont arrivés. Une trentaine. Armés, mais très visiblement emmerdés d'être là. Il faut dire que depuis 6 mois, ils étaient pas mal démoralisés! Leur commandant est venu et il a été voir un responsable de l'Intersyndicale qui était aussi dirigeant du PC. Il nous a tout de suite envoyé l'officier de police; le flic nous a dit : j'ai des ordres de Lisbonne, il faut faire circuler librement les personnes et les biens. » Les biens! Tu parles!... Il ajoute : « On ne va pas se fâcher. On a des ordres. On comprend bien vos Motivations; mais maintenant il faut partir ».

Nous, on lui a expliqué que ce n'était pas à nous de donner une réponse. On a pris un haut-parleur, et on a demandé aux gens présents ce qu'ils pensaient : « On part, oui ou non ? ». La réponse a été très claire... Alors on a demandé aux flics de se mettre sur le côté sagement, et de ne plus nous déranger. Et ça s'est passé comme ça : toute la nuit les 30 flics sont restés contre le mur! Sauf à un moment, le commandant est venu me voir, il m'a dit : «tout de même, vous vous y prenez mal pour le contrôle. Regardez l'embouteillage! ! Vous devriez nous laisser faire, on a plus l'habitude ». Comme ça ne partait pas d'une mauvaise intention on a été polis; mais on a refusé! !

Le climat n'était pas très tendu; plutôt bon enfant. Les maos disaient bien qu'il fallait cogner les flics, mais tout le monde se foutait d'eux. Ils étaient neutralisés. Il n'y avait aucune raison de les cogner... Sur un autre pont, contrôlé par le « Cri du peuple » maoïstes), il y a eu un peu de bagarre. Ils ont d'abord expulsé le PC, et ensuite ils ont été expulsés par les flics. Une grosse défaite morale pour eux !!

Le matin, on est partis. Moi, je ne savais rien de la situation ailleurs. La radio ne marchait pas. J'ai été 'abordé par un groupe qui s'appelle le « mouvement des miliciens », contrôlé par le MES. Ils m'ont demandé des renseignements sur ma caserne, et m'en ont donné sur ce qui se passait à Lisbonne, etc... C'est là que j'ai appris l'arrestation de Vasco Gonçalvès et d'Otelo de Carvalho, la tentative de putsch de Spinola. Ça montrait au moins une chose : le manque de réaction du MFA, son hésitation. Le MFA ne répondait plus à la situation. Les grands vainqueurs du 28 septembre ça a été les militants du PC. Malgré leurs hésitations sur le terrain.

C'est à l'aube que les choses se sont un peu plus clarifiées. Le MFA a fait savoir qu'il contrôlait la situation; mais parce que le rapport de forces avait été inversé par la mobilisation populaire, sans que le MFA y soit pour quelque chose La droite était forcée de reculer. Pendant toute la nuit, les réactionnaires du gouvernement (Spinola etc...) avaient fait savoir que la manif de la « majorité silencieuse » était maintenue. C'est pour cela que nous avions eu la visite des flics à 3 heures du matin. Le ministre de l'information de l'époque, Sanchez Osorio lançait des appels à la destruction des barricades et des barrages : la manifestation devait avoir lieu. La confrontation était parfaitement claire puisque le PC, qui pourtant était au gouvernement, appelait à la mobilisation contre cette provocation. C'est la mobilisation populaire qui a permis de trancher. Elle a vraiment été importante. Par exemple à Setubal (une des zones ouvrières les plus importantes), les camarades ont occupé les locaux de la GNR. Cela s'est passé dans d'autres endroits...

En général la GNR ripostait ?

Non. Ils se laissaient faire; on a pu les désarmer, la plupart du temps sans problème. A Lisbonne il y avait des barrages, mais là non plus on ne voyait pas les soldats... A l'aube, la droite avait perdu. Le Copcon a communiqué un message de Carvalho disant en gros :

« On n'a plus besoin des barrages; nous contrôlons la situation. C'est le Copcon qui prend toutes les affaires en main. Rentrez chez vous ».

Quelles ont été les conséquences du 28 septembre au niveau de l'armée?

Un grand nettoyage!

C'était la deuxième grande vague d'épuration...

La première! ... Enfin pas tout à fait, c'est vrai : la première, celle qui a suivi le 25 avril, a touché des fascistes notoires, indissimulables. Mais enfin, il y en avait encore pas mal après le 25 dans les états-majors, à des postes importants. Le PC s'abstenait de dénoncer ces types non épurés. II ne voulait pas, au nom de la « démocratie »! Après le 28, il y a eu un important nettoyage du commandement dans les casernes.

 Qui impulsait cette épuration ?

Le MFA avait l'initiative dans la plupart des cas. Un grand nombre d'officiers généraux ont été limogés. L'épuration a atteint les rangs mêmes du MFA : il y avait des gens de la démocratie chrétienne dans le MFA!!! Bref, le rapport de forces au sein du MFA devenait très favorable à la gauche, aux ( « tiers-mondistes », aux officiers proches du PC, des socialistes... On voit là apparaître un MFA qui commence réellement à contrôler les fils du pouvoir ; jusque là ce n'était pas le cas. Le rôle d'arbitre de la situation, le rôle de « Bonaparte » comme on dit, c'était Spinola qui le jouait ou du moins tentait de le jouer. Car en réalité Spinola n'a jamais été qu'un Bonaparte en puissance. Il n'a jamais eu les pleins pouvoirs. Il faut bien avoir en tête la grande complexité des organismes de direction de l'appareil d’État après le 25 avril. Entre la junte, le Conseil d’État, le gouvernement, le Conseil des 20, le MFA... les prérogatives se chevauchaient et personne ne savait où était le cœur du pouvoir. Après le 28 septembre, c'est plus clair. Un pouvoir politique se dégage nettement, et c'est le MFA.
A Lisbonne et Porto, pour la première fois, il y a des manifestations de masse contrôlées var le PC, où les mots d'ordre sont : « Peuple-MFA », et « MFA, moteur de la révolution ». Le PC se met à expliquer que le MFA est à l'avant-garde de la révolution. Ce qui est bizarre pour un parti qui se dit lui-même d'avant-garde!!

On passe à une autre phase si tu veux bien. Sur le plan de l'action dans l'armée, il y a deux événements dont on a beaucoup parlé en France et en Europe. Ce sont les deux manifestations où on a vu des soldats adopter des attitudes extrêmement radicales, déterminée, face aux menées réactionnaires. Je veux parler du congrès du CDS à Porto, et de la manifestation à Lisbonne contre les manœuvres de l'OTAN. Peux-tu nous en parler ? Dans ce cadre-là, il y a une question qu'il faudrait commencer à traiter, et qui est assez délicate, c'est celle du Copcon. Son rôle parait assez considérable.

Le Copcon existait avant le 28 septembre; à peu près contrôlé par Carvalho qui aurait la réputation d'être gauchiste. Spinola se méfiait de lui et le Copcon n'avait pas un très grand rôle. Après le 28, le rapport de force change et effectivement le Copcon prend plus d'importance. Mais on y reviendra.

Le 28 septembre la droite perd une bataille. Dans toutes les instances de l'appareil d’État, le rapport de force lui est défavorable. Spinola démissionne (remplacé par Costa Gomes réputé « modéré »), c'est la gauche du MFA et le PC qui prennent l'initiative. Dès décembre, il y a des commencements d'attaques centre le pouvoir économique. Assez prudentes, mais enfin... on parle de nationalisations...

Tout ça est assez favorable à une relance de la mobilisation des masses. Il faut rappeler que de juin, jusqu'à fin 74, les luttes ouvrières (le CTT, Timex, la TAP) étaient relativement en veilleuse. Fin 74, début 75, les luttes reprennent et se durcissent. C'est dans ce contexte qu'il faut restituer les deux faits que tu évoquais dans ta question. Ils caractérisent effectivement la situation.

L'attaque du congrès du CDS a été une attaque de masse. II y avait 40.000 personnes dans la rue, appelées par les maoïstes, la LCI, le PRP-BR, la LUAR, et le MES. Il faut faire un peu l'histoire de cette affaire. Le CDS était le seul parti se réclamant ouvertement de la droite; il regroupait d'anciens notables fascistes. Il devait donc tenir son premier congrès à Porto, le 25 janvier 75. Il avait fait une certaine publicité autour; il y avait de nombreux invités étrangers... A la même époque il y avait des mobilisations ouvrières importantes. C'était aussi le début du mouvement d'occupation des maisons; au niveau de l'armée aussi, un certain nombre de revendications commentaient à se centraliser...

C'est à moment que choisit le CDS pour tenir son congrès. L'extrême-gauche envisage immédiatement une contre-manifestation; mais pas de manière unitaire. 40.000 manifestants se massent autour des locaux du congrès, l'assiègent. C'était un pavillon sportif, dans un parc. Ça a duré toute la nuit. Il y a eu pas mal de violences. On a attaqué les flics; les flics nous on attaqué. Le MES est sorti de la manif dès le début des affrontements.

L'armée est intervenue très rapidement. Ma caserne était tout à côté, une caserne qui a certaines traditions depuis le 25 avril. Les miliciens y sont assez organisés. Les officiers du cadre du MFA y sont forts et presque tous au PC. Les soldats appelés étaient pour la plupart des ouvriers avec une conscience de classe importante, et en général influencés par l'extrême-gauche. C'est ce régiment qui était censé protéger le congrès ! ! Le régiment a fait savoir qu'il ne sortirait pas avec des armes; seulement des matraques... Il y a également des parachutistes de Lisbonne qui sont venus, mais plus tard, à l'aube. Ils ont seulement aidé à faire sortir les congressistes. Je ne sais pas si ces paras appartenaient au Copcon. En tout cas les soldats qui sont venus se sont rangés immédiatement aux côtés de la population. Ils se sont refusés à une quelconque répression. Au contraire quand la GNR a fait une charge à cheval, les soldats ont protégé la manifestation!!

Plus tard nous avons discuté avec des officiers. Certains disaient qu'ils avaient eu peur de se faire tuer et qu'ils craignaient que les armes n'aient été retournées contre les flics. En fait, ça a dû se produire, car il y a pas mal de policiers qui ont été blessés par balles; il n'est pas impossible que certains manifestants y soient pour quelque chose, mais...

Les manifestants étaient armés ?

Certains étaient armés, oui. La LUAR en particulier, et aussi le PRP-BR. Ils ont échangé des coups de feu avec les flics; il y a eu des blessés aux jambes, des manifestants aussi. Les soldats tout en étant résolument du côté des manifestants n'ont pas tiré sur les flics; mais les officiers complètement débordés craignaient beaucoup que ça arrive. Ça c'était à Porto. Ça a été une grosse expérience.

Et Lisbonne maintenant ?

C'était le 7 février. Au moment des manœuvres de l'OTAN au large de Lisbonne (un débarquement était prévu; il a finalement été annulé! !) On disait qu'elles étaient prévues depuis des années, mais enfin, vu la situation, c'était une sorte de provocation...au moins une coïncidence bizarre! !

Il y a eu une campagne contre ces manœuvres menée par l'extrême-gauche. Des manifs : OTAN dehors du Portugal! Portugal Hors de l'OTAN Les maos ont développé une campagne de style très nationaliste, très chauvin... Le MRPP a fait très peu de chose parce que son ennemi principal, c'est le prétendu « impérialisme soviétique ». Mais par contre l'UDP a beaucoup mobilisé, montrant sa réelle implantation dans les commissions de travailleurs à Setubal et Lisbonne.

Une manif a été convoquée, immédiatement interdite par le gouvernement. Pourquoi cette interdiction ? Parce qu'une semaine avant, il y avait eu des problèmes graves avec le PS. La situation était assez tendue;

La manifestation, convoquée à l'appel des commissions ouvrières, rassembla énormément de monde. Aucune banderole d'organisation; seulement celles des commissions de travailleurs. 30.000 personnes étaient là. Nous sommes passés devant les soldats du RAL 1, régiment lié au Copcon. Ils nous ont tourné le dos et se sont tournés vers le Ministère des armées en mettant crosse en l'air et en levant le poing. Tout le monde a compris l’extrême importance de ce geste... D'autant que la manif était interdite!



Est-ce que tu peux parler maintenant du 11 mars ?

Le 11 mars, c'est clair, la tendance gauche du MFA est au centre de l'affaire. Bon, là il faut être un peu précis sur quelques points. Quand on parle de « tendance gauche », il faut voir un certain nombre de choses. Il n'y a pas une relation directe, du moins je ne crois pas , entre ceux qui sont dans l'environnement idéologique du PC ou du MES par exemple, et ces partis. C'est plus empirique que ça. Le MFA est empirique sur tous les plans. Également sur celui de la liaison de certains de ses membres avec les partis. Il y a des groupes qui se forment, mais le contenu est très flou, ces tendances s'affirment ici ou là, mais ne sont pas l'expression d'un groupe extérieur. C'est important à comprendre : les tendances sont fluctuantes. Cela dit, la lutte de classe est impitoyable : certains groupes éclatent; d'autres catalysent certaines aspirations, se clarifient, et deviennent plus forts, plus offensifs. Il est possible que ce processus conduise à un éclatement au sein du MFA entre ceux qui veulent pousser jusqu'au bout le processus révolutionnaire et ceux qui tirent en arrière. Évidemment nous, les militants révolutionnaires, nous faisons tout pour favoriser cet éclatement du MFA. D'autres sont plus prudents; le MES par exemple explique qu'il y a des tendances dans le MFA, mais que le MFA est à prendre dans son ensemble. Il appuie le MFA, donne le mot d'ordre de soutien au MFA dans les manifs. Les nuances de discours sont une chose, mais dans la pratique le MES colle au MFA. Et naturellement ils soumettent les-travailleurs qu'ils influencent à cette stratégie. Dans le travail au sein de l'armée par exemple, le MES est contre les comités de soldats. Selon lui, la classe ouvrière telle qu'elle est n'est pas capable de mener le processus révolutionnaire jusqu'au bout. On a un pouvoir politique, le MFA, et on peut l'obliger à une dynamique de gauche servant la classe ouvrière. Aujourd'hui, faire des comités de soldats c'est attaquer le MFA, c'est contre-révolutionnaire. Toute mystification du MFA est extrêmement opportuniste, extrêmement grave. C'est pourquoi le MES intervient parmi les miliciens extrêmement prudemment, sans heurter le MFA... Il refuse toute confrontation avec le MFA sur le terrain de l'armée. A cause de cela, il est contre tout mouvement d'auto-organisation dans les casernes... tout en soutenant les revendications des soldats! ! !


On est un peu loin du 11 mars . On y vient.

Le 11 mars apparaît dans un moment précis. Celui où la gauche du MFA structurée ou pas, proche du PC ou pas, du MES ou des groupes révolutionnaires, commence à marquer des points. Sur la question de l'unicité syndicale, c'est très clair; mais aussi dans le cadre du débat sur les nationalisations, sur l'extension qu'il fallait leur donner. La droite du MFA, qui est d'une certaine manière l'expression du capital financier portugais, était hostile à ce radicalisme. Le 11 a résolu tout ça. Comment ça s'est passé ? Le 11 a été fait par la droite, les spinolistes. C'est incontestable. Mais je crois que la gauche du MFA était au courant des préparatifs, qu'elle a laissé faire pour pousser jusqu'au bout la clarification. Il y avait sûrement des luttes au sein du MFA sur ce type de problèmes. Par exemple on sait que le PS n'a pas de groupe qu'il influence dans le MFA. C'est son grand problème. Il y a une contradiction évidente avec sa force électorale; alors le PS essaie de faire des pressions; ainsi il avait un contact dans la commission d'enquête chargée du démantèlement de la PIDE (DGS). Le gars leur passait des renseignements. Il a été viré parce que le PS se servait de lui pour faire pression sur certaines personnalités, y compris du MFA. Vasco Lourenço par exemple. Le PS avait réussi à avoir des renseignements sur lui qui montraient qu'il était impliqué dans les tueries de Guinée. Il faisait sur lui une sorte de chantage. C'est une anecdote, elle vaut ce qu'elle vaut, mais on voit que la lutte politique était très dure et que le MFA n'en était pas du tout à l'écart.

Le 11 mars a été l'occasion, d'une clarification; les choses ont été très vite; ce n'est pas sans raison que deux jours après le putsch on ait procédé à d'importantes nationalisations. En temps « normal », ça aurait pris un temps fou, avec des débats à n'en plus finir. Là, ça va très vite : les banques, les transports navals et aériens, la distribution et l'électricité, etc... Comment ça s'est passé concrètement ? Tout le monde savait qu'il y avait quelque chose qui se tramait. Ça se sentait. Le MFA a été beaucoup plus clairvoyant que le 28 septembre. Il était informé; il a bien maîtrisé les événements. La mobilisation populaire a néanmoins été énorme. Les casernes de Lisbonne ont été encerclées par des milliers et des milliers de gens. Très spontanément, car bien entendu aucune organisation n'avait assez de moyens pour impulser aussi rapidement une telle mobilisation; certains militants ont fait un travail énorme : les camarades de la LCI par exemple ont été informés très rapidement de l'attaque du RAL 1. Ils ont immédiatement réquisitionné du matériel sono et fait imprimer des tracts d'appel à la mobilisation (par des types qui étaient des militants du PC d'ailleurs) et ils ont sillonné tout Lisbonne. Mais ça n'aurait pas suffi. Les gens ont répondu aux appels, mais la spontanéité, les leçons du 28 septembre ont eu la part décisive.


Quels étaient les objectifs de ces rassemblements. On pourrait penser que le premier réflexe est de se retrancher dans les entreprise...

Ce regroupement sur les lieux d'affrontements, le 11 mars, c'est une force. Mais aussi une faiblesse parce que ça repose encore sur une grande confiance dans l'armée. Il y avait des raisons à cette confiance, c'est vrai...


Est-ce que les manifestants étaient, disons, équipés ?

Oui! Ils avaient du matériel; pas des armes vraiment, mais enfin... Il faut peut-être préciser des choses au niveau des armes. Il n'y a que deux organisations qui disposent vraiment d'armes : le PRP-BR et la LUAR. Ils sont assez militaristes et ils « récupèrent » systématiquement. Leur stratégie repose là-dessus : quand il y a des armes à récupérer, ils savent comment faire. Ça suppose un choix : le 28 septembre, quand on contrôlait les ponts, ils avaient beaucoup de militants occupés...à ça! du moins on peut penser... Ce n'est pas idiot; le problème pas simple, c'est l'« équilibre » des initiatives...

Alors... autour des casernes ?

Eh bien, c'était la compréhension par les gens qu'il y avait des clivages à faire parmi les militaires, dans le MFA, que le rapport de force passait par ces clivages. C'est ce qui s'est passé.

Dans les casernes de la GNR, des réactionnaires contrôlaient tout... au détail près qu'ils ne pouvaient pas sortir de la caserne! ! ! Ça supposait un affrontement avec les masses très dur, alors que globalement la situation se dégradait pour eux de minute en minute. Il n'y avait aucune raison d'aller occuper les usines; le problème c'était les casernes, leur neutralisation, le rapport de force à établir au sein de l'armée. Et puis la question du pouvoir central est très présente. C'est dans ce sens-là par exemple que les banques, elles, ont été immédiatement occupées.

Au RAL 1, qui était le lieu clé des affrontements entre putschistes et troupes fidèles au gouvernement, c'était étonnant. Le RAL 1, c'est la régiment rouge lié au Copcon. Les soldats sont très populaires. C'est presque tout un symbole. C'est là que les putschistes attaquent. On sait maintenant que les chefs du complot ont manipulé les troupes sous leur commandement. On leur avait expliqué qu'ils allaient attaquer une caserne contre-révolutionnaire! ! C'est énorme, mais c'est vrai!

La télé a fait un très bon boulot pour une fois! Elle a filmé en direct le dialogue entre Dinis de Almeida, le commandant du Ral 1 et le chef du régiment qui l'attaquait. « Pourquoi nous attaquez-vous ? » demande de Almeida. « On vous attaque parce qu'on a des ordres », répond l'autre. Et il rajoute : « parce que vous êtes des contre-révolutionnaires ».- « Nous ? ». - « Oui, vous ». Là-dessus des manifestants interviennent : « Eux, au RAL 1, des contre-révolutionnaires ? pas possible! ! » D'autres explosent : « Ça suffit! Avant le 25, c'était la dictature; on veut pas remettre ça! », « Vous n'allez pas vous tirer les uns contre les autres; vous êtes du même côté »... Une pagaille noire, mais plutôt intéressante... Et tout ça à la télé! !

Le PC n'était pas vraiment dans le coup. C'était le MFA qui maîtrisait la situation. Il y avait près du RAL 1 Dias Lourenço, le directeur d'Avante, le journal du PC. Il a fait un discours devant la foule dans lequel il disait qu'il ne fallait pas faire trop confiance à l'armée, que c'était aux travailleurs de régler la situation, qu'il ne fallait surtout pas partir avant que tout ne soit réglé... un vrai discours « gauchiste » ! Une merveille! On voit que le PC, au plus haut niveau, nageait un peu! !

Bon, après, qu'est ce qui se passe dans l'armée ? Eh bien, il y a un grand mouvement de revendication. Sur les transports,etc., mais surtout sur les questions de démocratie interne, sur les rapports avec les officiers. Tout un mouvement, pas tellement organisé, mais qui commence à remettre en cause les rapports hiérarchiques. Comment ça se passait? Des détails : moi, je suis officier. Bon... on ne m'a jamais salué; en principe c'est obligatoire! Toute une série de rites militaires comme ça sont bafoués; la bataille c'est de faire obtenir dans les règlements ce qui est acquis dans les faits...

Est-ce que tu peux préciser les revendications ?

Il y a la question des transports. Comme par hasard, les gars sont incorporés très loin de leur domicile. Mais il y a un truc : au Portugal, les incorporations sont planifiées deux ans à l'avance. Alors les officiers expliquent (ce n'est pas totalement faux) que si les gars sont loin de chez eux... c'est la faute du fascisme. Ils répliquent ça en assemblées générales de soldats : il était nécessaire pour la dictature qu'un soldat qui allait briser une grève ou casser la gueule à des travailleurs ne soit pas un gars du coin! ! On a la même explication, mais ce sont des professionnels qui répliquent ça publiquement devant des soldats! La logique c'est une bataille pour que tout soit annulé. Le MFA est d'accord; il dit qu'il y a une régionalisation qui se met en place; il dit aussi qu'il faut être patient et qu'il va peut-être encore y avoir des erreurs. Soyons honnêtes : c'est vrai que de plus en plus les gars sont incorporés sur une base régionale. Mais la question des transports reste très importante. La solde équivaut à 50 francs. C'est la valeur d'un voyage Porto-Lisbonne. Il y a eu une quantité de luttes là-dessus. Ça se passe très simplement. Les gars sont dans le train; le contrôleur passe; ils refusent de payer... le train s'arrête! Une anecdote marrante : le PC a une forte implantation chez les cheminots. Ceux-ci ne comprennent pas pourquoi les gars ne veulent pas payer! Ils disent : « Voyons, vous bousillez l'économie nationale avec cette histoire! » Sans commentaires!
Ils font donc arrêter le train. De préférence près d'une caserne; la police militaire était appelée. Bon, souvent la PM (Police Militaire) voulait embarquer les « meneurs ». Les gars répondaient : « On y va tous ». Évidemment, le train repartait avec les gars. En février, mars, avril, il y a eu des trucs comme ça presque tous les jours. Personnellement c'est là que j'ai commencé à me rendre compte que la radicalisation à l'égard du MFA était bien plus avancée à l'armée que dans les milieux civils.

A l'armée, le pouvoir politique c'est directement le MFA. Dans une usine, ça n'est pas pareil; mais dans une caserne, c'est directement à lui que les gars sont confrontés... On peut toujours dire qu'il y a des crapules qui restent à l'état-major, ou bien qu'il y a des officiers particulièrement cons, mais enfin, c'est le MFA qui a le pouvoir. Sur la question de la réduction du temps de service par exemple, lui seul peut prendre la décision:.. Ça le MFA l'a bien compris. Autant dans les usines il peut jouer les arbitres grâce à son prestige, autant dans les casernes ça devient difficile. C'est très dur pour eux parce que ça peut les pousser très loin. Même pour les plus à gauche ça pose des problèmes.

Le 11 mars a marqué un tournant dans le rapport de force, mais il a aussi mis au premier plan la question du maintien de l'unité de l'armée. Pas mal d'officiers jusque là au MFA ou qui se disaient proches de lui se sont dressés contre lui, se sont rangés du côté des révolutionnaires; ça a donné un cassage important. La question de l'épuration s'est posée plus concrètement que jamais. Les gars comprenaient qu'on ne pouvait pas épurer un peu après le 25 avril, un peu après le 11 mars, parce qu'un jour ceux qui avaient échappé à l'épuration ne rateraient pas leur coup et alors il serait trop tard... Cela a amené une base très favorable pour la contestation du commandement...

Il faut voir et bien comprendre : Le Portugal est terriblement centralisé; il a une tête qui commande tout : Lisbonne. Tout en dépend. On peut à la rigueur ajouter le littoral, mais à l'intérieur: rien. C'est valable pour les casernes. La remise en cause du MFA, c'est surtout à Lisbonne et Porto. Après le 11 mars, il y a eu vidage de tout un tas d'officiers; dans certains cas après élection du commandant et de son adjoint. Il y a eu des assemblées générales. Elles sont en principes interdites puisque le règlement de Discipline Militaire est toujours en principe en vigueur. Je rappelle qu'il date de la dictature, mais il est complètement bafoué. On convoque ouvertement des A.G., et elles ont lieu. Si un minimum de rapport de force est établi, ça ne pose pas de problème.

Un exemple : dans la caserne où j'étais, le 28 septembre, on a fait une pétition, signée bien sûr, contre Spinola et sa clique. On l'a apportée au chef d'unité en lui demandant s'il voulait la signer. On lui a aussi expliqué que, s'il refusait, ça ne changerait rien : on l'enverrait par le service de transmission (On n'allait pas se servir de la poste!) Il a refusé de signer . II était d'accord pour signer une motion de soutien au MFA. Rien de plus. On l'a envoyé se faire voir... C'est ça un rapport de force! Depuis le gars a été limogé. Son remplaçant, lui, a accepté de signer une pétition du même type au moment du 11 mars... Après le 11 mars on a fait une quantité d'AG pour discuter de nos revendications. On les a imposées.

Cela dit, nous ne sommes pas centralisés et c'est un handicap. C'est une donnée permanente dans un pays qui découvre la démocratie après 48 ans de dictature. Il est évident que ces AG ne se sont pas tenues dans toutes les casernes. Je ne pense pas qu'elles se soient tenues dans celles de l'intérieur. Mais ce qui compte, c'est que certaines casernes d'avant-garde servent d'exemple : elles sont essentiellement à Lisbonne et Porto.


Mais quel est l'écho ?

Eh bien, c'est toute la question des tâches des organisations révolutionnaires. C'est la question qui se pose par exemple au FSMR ou aux comités de soldats. Le MRPP se pose pas mal de questions là-dessus, mais avec sa ligne politique qui est... passablement délirante. Un jour ils ont sorti un tract disant qu'il fallait tuer tous les officiers. Ils ont distribué ça aux gars de la caserne où je suis. Les gars sont venus me voir en me demandant ce que ça voulait dire. Je leur ai dit que c'était à eux de voir, mais que tuer tous les officiers, ça ne me paraissait pas la meilleure solution! !

Qu'est-ce qu'il y a comme autres revendications ?

Il y a la solde. Par exemple les gars que j'ai avec moi sans spécialisation ne gagnent pas le salaire minimum. Nous, on explique qu'il faudrait l'équivalent du SMIC français, Mais c'est encore peu compris...

Dans ma caserne, il y a eu une réunion avec un officier, un gars du MFA influencé par le PC (il n'y est pas vraiment). II arrive, délégué du MFA; il dit : « peut-être qu'un jour je vais être pendu pour ça, mais enfin je tiens à dire que moi, j'ai fait la guerre, et je n'en ai pas honte. De toute façon, ici, on a tous fait la guerre...» Je lui dit : « pardon, mais moi, je n'ai pas fait la guerre, et je n'ai pas eu besoin de tuer des noirs pour comprendre ce que c'était que le fascisme ». On s'est engueulé comme ça. Surtout que le gars expliquait que l'armée avait, un rôle extrêmement important, que les civils ne comprenaient rien : une espèce de mépris guerrier... Le gars continue en expliquant que la tâche de l'armée, c'est de mettre le pays dans la voie du socialisme... (avant le 11 mars c'était la voie « socialisante »). Et le gars ajoute qu'au nom de cette voie socialiste, il faut savoir être patient, faire des sacrifices; il explique en plus, toujours au nom du MFA, qu'il comprend bien toutes les revendications, mais qu'il faut réaliser qu'il n'y a pas d'argent; et il part sur un grand topo, au terme duquel seul le MFA apparaît comme capable de changer quelque chose. Et il faut lui faire confiance...

Nous naturellement, on lui répond que tout ça c'est très bien, mais qu'en tant que travailleurs, même sous l'uniforme, on veut le salaire minimum; là-dessus, soyons francs, il y avait des appelés qui n'étaient pas très fermes: toujours la crainte du maximalisme! Mais ils ont attaqué sur l'égalitarisme, toujours présent dans les discours du MFA. Les copains disaient : « bon. On peut faire des sacrifices, si tout le monde en fait. Par exemple, vous êtes dans l'armée parce que vous aimez. Moi, j'y suis obligé. Vous gagnez combien ? Et combien je gagne ? On n'a pas beaucoup de fric ? D'accord! Dans ce cas-là, on divise le fric qu'on a et tout le monde gagne la même chose »!

Bon! Le gars du MFA est dans la merde. Il l'est encore plus, quand, dans la même AG, un gars se lève pour lui dire : « Et la bouffe ? Nous avons un mess absolument dégueulasse. Vous, les officiers, vous avez un mess à part, avec des fauteuils, un billard... Vous parlez d'égalitarisme et de sacrifices, mais on ne voit rien du tout de ça ». Cela dit, toujours entre nous, on avait déjà obtenu que les officiers et les soldats mangent la même chose. Ce que nous discutions là c'était les conditions dans lesquelles nous mangions! En entendant ça, l'officier dit : « OK, vous mangez dans des conditions dégueulasses, c'est vrai. On doit pouvoir arranger ça. On doit pouvoir sortir du fric de la caisse du régiment. Il doit y avoir parmi vous des artisans, des gars bricoleurs; une équipe peut se mettre sur la rénovation du mess...»

Alors un soldat se lève : « Vous n'avez pas compris ce qu'on voulait dire. Passons sur le fait que vous nous proposez de refaire nous-mêmes notre mess, alors que le mess des officiers a été construit par des soldats. La vraie question n'est pas seulement de refaire le mess. On veut y manger; on pourrait même manger dans des conditions pires, s'il le fallait. La question est de savoir si TOUT le monde mange dans de telles conditions. On n'est pas contre les sacrifices, si tout le monde les fait. » On voit que cette question peut être très gênante... La hiérarchie, la discipline sont très mises en cause. Là-dessus ils sont très défensifs. Même un type comme Almeida explique qu'il ne faut pas toucher à la hiérarchie...C'est une question dans laquelle on peut faire des clivages terribles. Il y a des officiers qui acceptent de remettre totalement en cause leur position hiérarchique...

L'armée a mené une campagne de dynamisation culturelle importante dans les campagnes pour lutter contre l'arriération politique des paysans. Depuis quelques temps, elle se passe au sein de l'armée elle-même. Comment ?

Le MFA a commencé la dynamisation culturelle dans les villages de l'intérieur, avant les élections. Il voulait lutter ainsi contre les fascistes et le clergé réactionnaire très influent dans les campagnes. Après les élections, le MFA constate qu'une partie de sa base est en train de s'effriter. Dans les casernes. Pour répondre à cela, ils ont trouvé un truc qu'ils appellent la dynamisation interne. Ce qui est marrant, c'est que moi et d'autres copains d’extrême-gauche, on avait eu une idée du même genre. Avec des buts complètement différents, bien sûr...
Cette dynamisation, je crois qu'on peut s'en servir. D'autant que le MFA laisse pas mal d'ouverture. Leur but ? Ils veulent mettre dans la tête des gens que l'armée est à La pointe du processus révolutionnaire, mais que la partie peut être perdue si l'unité de l'armée est mise en cause, si une contestation s'exerce en dehors des cadres prévus par la hiérarchie. Il y a des gars élus, soldats, officiers, sergents; dans ma caserne : un officier du cadre, un milicien, deux ou trois sergents miliciens, cinq ou six soldats; chacun élu par sa classe pour trois mois.

Et quel est leur mandat ?

Faire de la politisation à l'intérieur de l'armée. On a fait une réunion de tous les élus au niveau de la région militaire. Là, on nous a expliqué que notre tâche était d'expliquer: problème de l'unité de l'armée. Cela, dit, pas de contenu précis, et un langage très à gauche. Est-ce que le MFA contrôle ce qui se passe ? Les gars du MFA en général ne sont pas très formés politiquement; en ce sens, il ne leur est pas facile de contrôler ce qui se dit. Il faut bien comprendre cette naïveté politique du MFA. Même c'est assez dangereux, car ils sont très inconséquents. Au niveau des cadres moyens, c'est assez le désastre : ils ont vraiment une formation politique, économique dérisoire; et, malgré cela, ils sont incroyablement paternalistes. Par ailleurs, la maturation politique des soldats s'approfondit très vite; je le vois très bien puisque les gars à qui je fais l'instruction sont renouvelés régulièrement. Les gars ont de plus en plus des références politiques au niveau des organisations...


A part PC et PS, quelles organisations ont le plus d'influence ?

Ça dépend des zones. C'est très éclaté. A Porto par exemple, le « Cri du Peuple » et la LCI ont une très grosse influence. Au RAL 1, franchement je ne sais pas. Je sais qu'il y a des militants de l'UDP et du MRPP, mais c'est très différencié.

La dynamisation interne se fait partout ?


Absolument dans toutes les casernes.


Ça doit poser des problèmes tactiques énormes ?

C'est vrai, parce qu'il n'est pas possible de restreindre cette opération à une volonté de participation ou d'intégration... et il y a trop de contradictions au sein du MFA, pour que les choses se passent simplement...

C'est donc la question des comités de soldats qui est posée. L’autonomisation par rapport au MFA...

C'est parfaitement clair. Et c'est vrai aussi que les questions se posent de manière tactiquement très fine. Sur la dynamisation, il est évident qu'il y a derrière une volonté de récupération. C'est le propre du réformisme. Mais ce qui est vrai aussi, c'est que les possibilités de cette récupération sont très restreintes. Dans certains régiments comme au RAL 1, l'action de la commission de dynamisation a abouti à l'élection par les soldats de certains cadres du régiment.

Qu'est-ce que vous en pensez, vous ?  

Il reste vrai malgré tout que cette opération de dynamisation a pour fonction de faire barrage à une combativité latente qui a la particularité de mettre le MFA directement en cause. Cette combativité est inégale, différenciée, mais elle est là et le MFA en a peur d'une certaine façon. Mais il y a un sacré problème, c'est que tout flou et bordéleux que soit le MFA, il s'agit tout de même d'une organisation centralisée capable de définir et d'appliquer une ligne. Elle se concrétise avec des contradictions ici et là, mais elle est là. En face ? Au niveau du mouvement des soldats, du type de relations entre soldats et organisations ouvrières, entre soldats de caserne à caserne, ce qu'on voit c'est un émiettement fantastique. Tu l'as décrit. Quels que soient les points que les soldats arrivent à marquer face à la hiérarchie et au MFA, les soldats combatifs ne sont pas en position de force. C'est de ça qu'il faut discuter. Ça pose par exemple le problème de la plate-forme revendicative, une plate-forme unifiante par-delà les diversités de chaque caserne. Parce qu'à une autre étape de la lutte, les disparités dont tu as parlé pourraient devenir tragiques. Et puis, bien entendu, la question centrale c'est la stratégie qui tend à faire éclater le MFA... Par exemple à propos de ces commissions de dynamisation interne, on voit très bien comment empiriquement on peut procéder, comment des officiers progressistes, peu formés politiquement, se réclamant du MFA, peuvent, par évolution propre, et parce que les événements poussent, devenir des facteurs d'éclatement ou au moins d'érosion du MFA. On voit moins bien le dépassement de cet empirisme, les initiatives centrales possibles à court terme pour accélérer ce processus d'éclatement. C'est la question de savoir comment concrètement la lutte des classes passe maintenant dans les casernes; comment se tissent des liens organiques entre les soldats, les marins, et le mouvement ouvrier. La question des commissions de dynamisation semble très tactique. Elle n'est surtout pas exclusive de la construction des comités de soldats...

Il ne faut faire aucun compromis. Là, la question des comités de soldats est centrale. C'est en fonction des comités que le travail dans les commissions prend son sens. Ce qu'il faut comprendre, c'est que les contradictions du MFA nous aident à construire ces comités, et d'autre part, surtout à l'étape actuelle à politiser le contingent. Bien évidemment, quand moi je fais une réunion politique (la moitié du temps de l'instruction militaire) la conclusion est inévitablement la nécessité de s'organiser en comités de soldats. Si la situation était stable, le MFA aurait le moyen de contrôler tout ce qui se fait sous couvert de dynamisation; cela poserait des problèmes très différents, mais on est loin de cette situation!

Il faudrait que tu nous dises où en sont les comités, le type de liens qu'ils ont avec les organisations de travailleurs.

D'abord mon expérience. J'ai été un peu handicapé; la caserne était une caserne où les gars restaient très peu, juste le temps l'instruction. Il était donc très difficile de stabiliser un comité. Ce que nous faisions, c'était d'essayer de convaincre les gars de la nécessité de construire des comités dans leurs affectations ultérieures: Pour cela, il ne suffit pas de discuter, il faut mener des luttes concrètes. En général il s'agissait de remise en cause de discipline, voire de règlement; en général aussi, ces luttes étaient victorieuses. Nous cherchions à montrer la nécessité de l'organisation collective de la démocratie. A chaque fois que j'avais des tracts d'autres comités de soldats, je les apportais, et nous en discutions. Ce qui compte, c'est la manière, dont des victoires locales peuvent devenir des victoires pour tout le monde. La manière dont le règlement est coincé dans la pratique sans que plus personne ne puisse trouver à y redire. Un seul exemple : la question des cheveux. La règlement officiel, c'est toujours les cheveux courts. Si vous regarder les photos dans les journaux, vous verrez un certain laisser-aller dans l'application de ce règlement. Les brimades physiques qui étaient extrêmement courantes ont pratiquement disparu. Sauf peut-être dans des casernes très arriérées, et encore, je ne crois pas. Les sanctions également, il n'y en a plus tellement; les gars n'acceptent plus. Là où des problèmes se posent, c'est pour les exercices d'apprentissage militaire. Il faut arriver à distinguer ce qui tient à l'apprentissage des armes et ce qui tient à l'embrigadement. On cherche à en discuter avec les gars.

Sur le fond : il faut tendre à rendre permanentes les structures de lutte, à étendre les acquis. C'est vrai qu'il faut dépasser l'éparpillement. Là dessus, la liaison avec les commissions de travailleurs, et les syndicats est vraiment décisive. Mais la centralisation est très difficile. Il y a tin manque de tradition très réel et très contraignant.

C'est dans ce cadre que le FSMR a un rôle important à jouer...

Exactement. Et c'est très difficile, parce que même quand il est à l'armée, un militant révolutionnaire au Portugal est vraiment écartelé par une quantité de tâches invraisemblable. Il y a tant de choses à faire ! Nous avons du mal à soutenir tous nos camarades, à leur apporter tout le soutien politique et organisationnel dont ils ont besoin, que la situation exige en fait. Il y a des cellules du FSMR dans quelques dizaines d'endroits. Mais la coordination, la centralisation est extrêmement difficile. A Caserna, (le journal du FSMR) est un instrument sérieux, mais très insuffisant par rapport à la situation politique. En tous les cas, nous sommes parfaitement conscients que c'est à partir des casernes que le MFA éclatera en plusieurs lieux... Les camarades du FSMR jouent un très grand rôle dans la politisation dans les casernes. Mais nous sommes encore très en-dessous de ce qu'il faudrait faire.

Un des problèmes très délicats que nous avons à traiter est l'articulation entre une activité strictement clandestine et une apparition ouverte de certains camarades que la situation permet et exige. C'est un problème difficile, car la situation évolue très vite, et il y aura inévitablement des problèmes de répression qui se poseront de manière plus dure que maintenant. Un autre problème est celui de l'action unitaire au sein des casernes entre camarades influencés par des organisations différentes. Au Portugal, l'extrême-gauche est terriblement divisée. Certains groupes ont des points de convergence évidents qui permettent, sur l'armée par exemple, un travail commun à un certain niveau. Mais, même en mettant de côté les groupes de fous furieux comme le MRPP, qui sont très isolés très rapidement, la question qui fait clivage très rapidement c'est la caractérisation politique du MFA, le type d'attitude politique qu'il faut avoir à son égard.

On peut être facilement opportuniste par rapport au MFA, il est tout aussi dangereux d'être sectaire. Et tout la réalité du travail au sein des casernes, du travail antimilitariste révolutionnaire passe par une appréciation correcte du MFA.




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