Integração e ruptura operária
capitalismo, associacionismo, socialismo
1836-1875
"Este livro é uma tentativa de racionalizar o estudo das forças determinantes da sociedade portuguesa durante o século XIX. O quadro cronológico, 1820-1873, é caracterizado por dois momentos importantes: a vitória burguesa que eliminou o velho regime (monarquia absolutista) e a ruptura operária provocada pela A. I. T., ou seja, a passagem ao liberalismo cosmopolita e ao internacionalismo proletário.
O período a examinar não é exclusivamente dominado pela luta entre a burguesia e o proletariado. As coisas não são tão simples como querem fazê-las alguns historiadores da nossa praça. Os conflitos que se impõem ao historiador são essencialmente as dissensões entre os diferentes estratos da burguesia, os tipos e sectores da produção, os discursos ideológicos, etc. E, por isso, que as ideologias produzidas por cada grupo de interesses têm de considerar os termos gerais do afrontamento, independentemente da participação ou não participação das massas populares.
E indiscutível que o proletariado acompanhou de perto o combate, como não podia deixar de ser. Foi esta, de resto, a razão que me levou ao estudo das práticas e das ideologias associacionistas. Contudo, penso poder afirmar que antes da intervenção da A. I. T., raramente encontramos o proletariado português fora das ratoeiras integracionistas.
Porém, e mesmo se tudo, durante este meio século, tivesse sido integração e asfixia operária, o que não foi o caso, não seria razão paira eliminar a existência física da classe operária, como fez e continuará a fazer a rotineira historiografia lusitana. Havia, pelo menos, que explicar as causas, as formas e as ideologias da integração. Minimizar-lhe a importância seria o mesmo que dizer que os 40 anos de integração corporativista sob a ditadura em nada transtornaram. a vida do operariado.
O leitor encontrará,, junto às teses enunciadas, a enumeração de sociedades de interesses patronais e dados estatísticos. Tais pormenores não traduzem uma qualquer intenção economicista e só por inadvertência alguém as poderia considerar como supérfluas ou, pior, inúteis. As associações patronais interessam-nos no ataque ao antigo regime e na consolidação do sistema, capitalista moderno, dado o papel que desempenham.
Se me debrucei também sobre as ciências económicas, não foi com intenção de as considerar enquanto tais para descrever, uma vez mais, as funções da moeda, do crédito, os mecanismos do mercado mundial ou da concorrência capitalista. As doutrinas económicas interessam-me apenas como armas utilizadas pela burguesia revolucionária contra a aristocracia feudal ou mercantilista. E ainda, embora em segundo plano, como aspecto e justificação ideológica da dominação de uma classe.
Evitei, tanto quanto possível, a descrição ou as apreciações líricas das pessoas ou dns ideias. Aguei e além, julguei inútil recorrer às citações. Em compensação, mantive indicações bibliográficas relativamente abundantes. O que não comporta uma pretensão erudita qualquer ou até o bolor sapiente dos corredores da Sorbonne. Estas indicações destinam-se a arrancar do anonimato um certo número de obras, dando ao leitor a possibilidade de superar a tibieza do texto que lhe proponho, lendo-as com a atenção que elas merecem. Ao mesmo tempo quero mostrar a constância e a intensidade com que foram vividos certos problemas no oitocentos português." p 9-10
I— INTEGRAÇÂO E RUPTURA OPERARIA
Modelo historico e histéria do modelo
Caracteristicas do capitalismo português
Ideologia e realidade em economia
Factores de estagnaçao:
1 — A tirania comercial
2 — A escassez de capitais
Evoluçâo do sector industrial
Capitalismo e racionalidade:
1 — Racionalidade pratica
2 — Racionalidade teorica
3 — Prâtica da racionalidade tedrica
Capitalismo, nacionalismo e cosmopolitismo
O Cabralismo, expressâo do estado moderno
O Vintismo e a questâo social
A Sociabilidade crista
Silvestre Pinheiro Ferreira, primeiro te6rico português do associacionismo
Associacionismo e socialismo
As geraçoes de 52 e de 7093
II — DOCUMENTOS DA RUPTURA
Estatutos da A. P. T. N
Estatutos do Cofre para os Melhoramentos da Associaçao Fraternidade Operaria
O que é a Internacional
Estatutos da Associaçâo Internacional dos Trabalhadores e das Secçôes da Regiao Portuguesa
Aos trabalhadores de Portugal em face da revoluçâo
Carta de adesâo da Federaçâo local a A. I. T.
Carta de Nobre França a F. Engels
Da propriedade
Relatorio sobre as actividades da A. I. T. em Portugal
Carta de Nobre França a Magalhâes Lima
A Secçao Portuguesa nas Actas do Conselho Espanhol
Indice dos nomes e autores citados
Editorial Estampa 1975 - 245p.
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